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Queremos um Brasil de classe média, diz Dilma a jornal

09:22 | 03/10/2012
A presidente Dilma Rousseff disse em entrevista exclusiva ao Financial Times, publicada na edição desta quarta-feira do jornal britânico, que um dos ganhos importantes que o Brasil teve em quase dez anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foi conquistar uma população de classe média. "Nós queremos um Brasil classe média".

O artigo do jornal afirma que um progresso notável foi feito para melhorar a sorte de milhões de pessoas em um país que continua tendo uma das sociedades mais desiguais do mundo. A publicação destaca, porém, que após quase uma década de condições globais amplamente favoráveis a economia brasileira parou de repente.

Perguntada sobre quais eram seus principais desafios, Dilma respondeu que o relaxamento da política monetária dos Estados Unidos, quando não acompanhado de políticas fiscais para absorver o empoçamento de liquidez, leva à desvalorização cambial e à inflação. "As políticas monetárias expansionistas que resultam em uma desvalorização da moeda são as políticas que criam assimetrias nas relações comerciais - assimetrias graves", disse a presidente Dilma.

Mas a presidente reconhece que muitos dos problemas do Brasil são também locais. Os elevados custos do trabalho, a baixa produtividade, infraestrutura precária e alta tributação, com gastos do governo em 36% do Produto Interno Bruto (PIB), valor equivalente ao de muitos países europeus avançados, mas sem os mesmos níveis de eficiência, criaram uma situação em que a inflação surge sempre que a economia começa a crescer.

O jornal afirmou que, embora não prometa um grande pacote de reformas, como visto recentemente na Índia, que desregulamentou os setores de varejo e de companhias aéreas, a presidente Dilma disse que o Brasil está reduzindo o custo do trabalho por meio da desoneração da folha de pagamentos das empresas. Até agora, 40 setores industriais foram beneficiados e outras medidas fiscais estão por vir, disse a presidente na entrevista. "Isso é importante porque não queremos penalizar aqueles que empregam as pessoas", completou.

Em resposta a uma pergunta sobre se os temores de que a intervenção verbal do governo possa interferir no setor bancário, embora os bancos sejam criticados por cobrarem taxas de juros exorbitantes no Brasil, a prsidente afirmou que o País é o último no mundo onde as instituições financeiras ainda podem cobrar taxas tão altas. "Nós estamos voltando para um lugar com níveis normais de rentabilidade. Isso significa que alguns de nós precisam começar a olhar para os lucros adequados em atividades produtivas que são boas para o País." A presidente Dilma não quis comentar sobre o caso de corrupção do mensalão, que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) e marcou o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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