Para FMI, investimentos levam China a pouso suave
De acordo com o FMI, a redução no ritmo da demanda agregada na China registrada no primeiro semestre estava relacionada diretamente com a crise da Europa, seu principal mercado exportador. Além disso, também foram relevantes fatores domésticos, como a adoção de medidas para reduzir o ímpeto do crédito, a fim de evitar o surgimento de uma bolha imobiliária. Como o governo chinês quer aumentar com moderação a Formação Bruta de Capital Fixo, o Fundo acredita que a política fiscal na China terá efeito neutro em 2012 e 2013. Além disso, o banco central do país reduziu a taxa básica de juros em 0,56 ponto porcentual desde meados de 2011, para o patamar atual de 6,0% ao ano.
O FMI defende que os grandes países emergentes façam mais esforços de contenção de despesas públicas para exigir menos recursos de seus respectivos Tesouros. No caso da China, o Fundo avalia que a abordagem deve ser um pouco mais flexível nessa direção. Isso deve ocorrer por dois motivos: "Primeiro, as autoridades estão tentando reequilibrar o crescimento econômico na direção do consumo, o que vai requerer programas sociais expansionistas", aponta a instituição. "Segundo, há menor espaço disponível para aumento do crédito devido à Grande Recessão", destacou o FMI, referindo-se ao longo período de profunda retração da economia mundial iniciado há cinco anos. O Fundo alerta, contudo, que a China também precisará reduzir seus gastos públicos no médio prazo.
Apoio fiscal
O Fundo aponta que a China vem registrando crescimento rápido do crédito, o que ajuda no consumo doméstico e mantém a moeda desvalorizada, elemento de apoio essencial para a política de exportações do país. Na avaliação do FMI, os esforços monetários podem dar lugar a medidas fiscais para apoiar a expansão do PIB, especialmente porque a inflação apresentou uma trajetória de desaceleração nos últimos trimestres.
O movimento de desinflação global, que cortou os preços de commodities neste ano, inclusive do petróleo, também está beneficiando a China. O FMI projetava em abril que o índice de preços ao consumidor subiria 3,3% neste ano, mas agora passou a estimar elevação de 3,0%. Para 2013, o Fundo manteve a previsão de alta de 3%.
Por outro lado, como a China está com dificuldades para crescer pouco acima de 8%, o FMI elevou a projeção da taxa de desemprego para este ano e o próximo, que era de 4% em ambos os casos, para 4,1% em 2012 e também em 2013.
Mas a desaceleração do nível de atividade global, especialmente da Europa, deve diminuir o superávit de transações correntes da China em 2013, segundo o FMI. A projeção deste saldo positivo das contas internacionais deve baixar de 2,6% para 2,5% do PIB. Para este ano, contudo, o FMI não alterou a projeção de um resultado favorável equivalente a 2,3% do produto interno bruto.