Mantega: países avançados não podem exportar crise
"Tentar absorver maiores parcelas da demanda global através de meios artificiais tem muitos efeitos colaterais. É uma política egoísta que enfraquece os esforços para uma ação coordenada", afirmará. "Todas as formas de comércio e manipulação cambial devem ser evitadas porque elas aumentam a competitividade internacional por um modo espúrio."
O ministro vai ressaltar no encontro que a paralisia política dos países avançados é um dos elementos principais que gera incertezas e colaborou de forma intensa para a desaceleração acima do esperado da economia mundial nos últimos meses. "Apesar de uma sucessão de medidas adotadas pelos países avançados, o crescimento continua fraco, a confiança baixa e o desemprego alto. Nestes países que passam por forte ajuste fiscal, a desigualdade de renda e o desemprego estão avançando, com altos efeitos na coesão política e social. O extremismo político está em ascensão", afirmará o ministro.
Ajustes
Por outro lado, Guido Mantega vai destacar que os países que estão no centro da crise internacional não podem ser prejudicados por cortes de despesas excessivamente fortes, pois isso agrava as condições das finanças públicas e do bem estar da população. "Nós dizemos há algum tempo que políticas fiscais draconianas e com um único objetivo podem ser contraproducentes e tendem a gerar efeitos negativos",
"Ninguém nega que a necessidade de planos de consolidação fiscal no médio prazo. No curto prazo, contudo, medidas fiscais devem ser adotadas para promover a demanda agregada e a criação de empregos, ou pelo menos mitigar o impacto da consolidação na atividade e geração de postos de trabalho", afirmará Mantega.
O ministro também fará comentários sobre a necessidade de avançar a reforma do regime de cotas do FMI, para refletir de forma mais justa a atual importância dos países emergentes na participação do PIB mundial. Mantega vai destacar que o governo norte-americano precisa ratificar seu apoio para tal mudança estrutural da governança do Fundo, o que é muito relevante, dado que é o principal cotista.
"Os EUA tiveram um papel crucial nas negociações do acordo de 2010 e continuam a exercer uma influência positiva na abrangente revisão da fórmula (de cálculo) das quotas do FMI".