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Investimento só pontual, dizem empresários a Tombini

19:01 | 28/09/2012
Empresários de 14 setores da indústria e do comércio relataram nesta sexta-feira ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que estão fazendo apenas investimentos pontuais e de curto prazo. Em reunião-almoço na capital paulista, organizada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Tombini ouviu dos empresários que, a despeito das medidas do governo de estímulo ao setor, a indústria não tem investido.

Com o objetivo de mais ouvir do que falar, como fazem os diretores do BC em encontros trimestrais com analistas do mercado financeiro, Tombini teria chegado ao evento, segundo a economista e consultora do Iedi, Cristina Fróes de Borja Reis, querendo saber por que os investimentos no setor não estão progredindo, apesar das medidas de incentivo à indústria. Custo Brasil, falta de competitividade no câmbio e pressão salarial, entre outras justificativas, foram a resposta à pergunta do presidente do BC.

No câmbio, houve melhoras, disseram os empresários a Tombini. Mas a indústria ainda sofre com o problema da entrada de produtos importados na economia brasileira. O presidente do BC, que teria aberto a participação dizendo acreditar que voltava ao encontro num momento da economia melhor do que no ano passado em razão da desvalorização cambial, redução de juros e desoneração da folha de pagamento, teria fechado o encontro dizendo que saía menos otimista do que quando chegara.

O cenário está muito difícil para investir, teria dito um industrial a Tombini, conforme relatou a economista do Iedi. Do setor eletroeletrônico, intensivo em componentes importados, o presidente do BC ouviu reclamações pelo fato de o câmbio ter se desvalorizado. "O setor eletroeletrônico tem uma visão diferente dos demais setores porque o câmbio desvalorizado não é vantajoso para ele", disse Cristina.

Outra novidade para Tombini, segundo a economista do Iedi, pode ter sido a afirmação do setor de bens de capital dando conta de que seu maior concorrente deixou de ser a China e passou a ser Itália, Alemanha e Espanha. "Como a perspectiva do cenário internacional continua difícil na Europa e Estados Unidos e a demanda externa se mantém baixa, estes países estão exportando para outros países como o Brasil", disse Cristina.

Mesmo diante das reclamações, Tombini deixou uma mensagem positiva, defendendo que a inflação convergirá para meta e que os movimentos de redução de juros e desvalorização cambial mostraram características pedagógicas. Tombini, de acordo com a economista, teria afirmado que o Brasil aprendeu que pode baixar juros e desvalorizar o câmbio sem aumentar a inflação.

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