FGV: IGP-M deve ter desaceleração menor em outubro
Em setembro, conforme divulgação feita nesta quinta-feira pela FGV, o indicador geral, que é usado como base para reajustes em contratos de aluguel, registrou inflação de 0,97%, ainda alta, mas bem menos intensa que a de 1,43% de agosto. No acumulado de 12 meses, o IGP-M bateu em 8,07%, resultado mais forte que o de 7,72% de agosto e que deu continuidade a um cenário de aceleração que vem sendo visto desde abril nesta base de comparação.
Para a FGV, o grande segmento responsável pela desaceleração na taxa mensal entre agosto e setembro foi o de preços agropecuários do atacado, cujo avanço passou de expressivos 6,07% para 2,77% no período. Salomão Quadros lembrou que a mesma alta de commodities que ajudou a inflar o valor de itens, como a soja e o milho, no atacado nacional, passou por um processo natural de perda de impacto na sequência.
A soja em grão, por exemplo, saiu de uma elevação de 10,72% para 4,70% entre agosto e setembro. O milho em grão, por sua vez, passou de uma alta ainda mais significativa, de 20,33%, para um número próximo da estabilidade, de 0,11%. O comportamento dos itens agropecuários do atacado só não foi melhor porque componentes importantes, como os bovinos, seguiram um caminho contrário. Estes últimos, por exemplo, saíram de uma baixa de 1,20% em agosto para um aumento de 2,79% em setembro.
O panorama que envolve os bovinos, atualmente em época sazonalmente desfavorável de preços no Brasil, também já afetou a carne no atacado, que saiu de um modesto avanço de 0,60%, em agosto, para uma elevação de 6,10%. O item foi um grande destaque de pressão de alta entre os preços industriais do atacado, que subiram 0,65% em setembro ante variação positiva de 0,47% em agosto.
Para outubro, Salomão Quadros vê menos espaço para soja e milho repetirem o processo visto em setembro no atacado. Em contrapartida, também não enxerga pressões na carne bovina tão fortes quanto às observadas nesta recente divulgação da FGV.
"O IGP-M deve continuar em desaceleração, mas acredito que ela não vai se repetir no mesmo ritmo. Não deve ser na mesma magnitude que a de setembro ante agosto pelo simples fato de que quem liderou o processo de desaceleração não tem o mesmo potencial para arrefecer tanto assim", comentou Quadros. "A alta da carne bovina vai chegar a um limite. No campo, o preço de frango e suínos já está em desaceleração, depois do impacto de elevação que teve com os grãos via ração", afirmou, lembrando que a carne bovina tem uma espécie de "paridade" com estas demais e seu preço geralmente não descola muito dos valores das aves e de suínos.
Se a expectativa de Quadros de desaceleração menor na taxa do IGP-M em outubro se confirmar, há possibilidade de o indicador ficar acima do observado no mesmo período do ano passado, quando registrou inflação de 0,53%. Com este detalhe, naturalmente a taxa acumulada em 12 meses tende a superar os 8,07% vistos até setembro.
Questionado se o resultado poderia chegar à marca de 10% em dezembro, o coordenador preferiu não se prender a uma projeção exata. Insistiu que a tendência mais provável é uma leve aceleração, mas com uma taxa não muito distante da atual.
Na Rosenberg & Associados, os economistas divulgaram expectativas de comportamento em sintonia com as de Quadros nesta quinta-feira. Em relatório encaminhado a clientes e à imprensa, eles informaram que aguardam, para outubro, uma taxa de inflação "próxima a 0,70%". Para o resultado acumulado de 12 meses no encerramento de dezembro de 2012, projetaram um número entre 8,5% e 9,0%.