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Custo da mão de obra deixa China menos competitiva

17:24 | 04/09/2012
O aumento nos custos de trabalho é um dos fatores responsáveis pela perda de força da competitividade da indústria chinesa. É o que conclui o estudo "Competitividade Industrial Chinesa", que foi condensado em livro lançado nesta terça-feira, na capital paulista, pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Universidade de São Paulo (USP) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), durante o seminário que leva o mesmo nome do livro.

Para o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) e um dos autores do livro, Gilmar Masiero, o principal impacto do aumento do custo da mão de obra na China é a retomada da competitividade de outros países. De acordo com o estudo, entre 2002 e 2008, ano em que entrou em vigor a atual legislação trabalhista, o custo da hora trabalhada na China aumentou 140%, para US$ 1,36. Ainda assim, o valor, à época, era 23 vezes menor que a hora de trabalho nos Estados Unidos e seis vezes menor que no Brasil. Esta diferença vem diminuindo ao longo dos últimos anos a ponto de empresas americanas estarem deixando de produzir em território chinês.

Até mesmo algumas empresas chinesas estão saindo do país em busca de mão de obra mais barata em outros países, como Bangladesh, de acordo Masiero. De acordo com o professor, não é só o aumento dos custos trabalhistas que tem levado à perda de competitividade da indústria chinesa. Houve também uma redução dos subsídios do governo chinês às empresas localizadas na região costeira do país. "Qual a estratégia? Muitas delas, chinesas e estrangeiras, estão aproveitando os incentivos que o governo tem disponibilizado no interior e muitas outras estão optando por países em que a mão de obra é ainda mais barata que a chinesa, como em Bangladesh e Vietnã", diz o professor.

Segundo Masiero, a competição entre empresas na região costeira da China tem envolvido a disputa por trabalhadores. "Este fenômeno que está acontecendo nas regiões costeiras, inclusive com as primeiras greves a partir de 2010, tem elevado os custos do trabalho nesta região", afirma o professor.

De acordo com o secretário-executivo SAE/PR, Roger Leal, o estudo resultou da iniciativa da própria secretaria presidencial ainda na gestão anterior, do então ministro Samuel Pinheiro Guimarães, que percebeu a necessidade de obter informações mais detalhadas a respeito da realidade chinesa. "Não é possível conviver em um ambiente de concorrência internacional sem discutir e sentir os reflexos da repercussão do fenômeno chinês", disse Leal.

Neste sentido, contou o secretário, a SAE/PR percebeu a necessidade de um quadro mais completo e detalhado a respeito da questão chinesa e dos aspectos relativos à sua competitividade. Para isso, o governo brasileiro elegeu três itens que, supostamente, eram vistos internamente como fornecedores de vantagens à China no jogo do comércio internacional, em especial em relação ao Brasil. Foram eleitos as questões tecnológica, ambiental e a laboral, que pressupunha haver na China uma proteção social ao trabalhador muito menor que os níveis brasileiros.

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