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Audiência dos Correios no TST acaba sem acordo

13:25 | 19/09/2012
Terminou sem acordo a audiência de tentativa de conciliação entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Fentect) no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Profissionais da área estão em greve em alguns Estados - o total de adesão varia de acordo com informações prestadas pela ECT e pelos sindicatos.

Conforme a Fentect, com a recusa da proposta do TST pela empresa, as paralisações continuarão e poderão ser ampliadas. Além de uma série de reivindicações sociais, a Fentect exige reajuste salarial de 43,7%. Segundo a Federação, o porcentual busca recuperar o poder aquisitivo desde 1994, início do Plano Real. "Achamos que a empresa tem condições de repassar mais do que foi oferecido", disse o secretário geral de Fentect, Edson Dorta, durante a audiência. A empresa ofereceu reajuste de 5,2%.

A proposta apresentada pela federação estava muito acima da capacidade dos Correios", argumentou o vice-presidente de gestão de pessoas da companhia, Larry de Almeida. A juíza do TST Maria Cristina Peduzzi afirmou que identificou um "abismo" entre os porcentuais apresentados pelos dois lados. "As propostas e contrapropostas que estão sendo avaliadas aqui são muito distantes uma da outra", considerou.

A proposta da juíza foi de reajuste de 5,2% sobre todos os salários, além de um aumento linear de R$ 80,00. A sugestão foi de que os benefícios dos trabalhadores ficam todos mantidos, com reajuste dos vales alimentação e refeição em 8,84%. Os reajustes dos demais benefícios também seria de 5,2%, como o de crédito para a creche.

Além disso, a ministra propôs a criação de mesas temáticas para discutir questões raciais, de gênero, anistia e condições de trabalho na empresa. "Temos dificuldades em saber as repercussões que isso pode ocasionar para os Correios sem o conhecimento das condições financeiras da empresa. Mesmo assim faço a tentativa de conciliação", observou a Maria Cristina.

A ECT rejeitou a proposta, argumentando que a previsão de crescimento das receitas da empresa este ano é de 8%, enquanto o de despesa com pessoal, de 18%. "A nossa proposta inicial gera impacto de R$ 455 milhões. A nova proposta levaria a R$ 854,6 milhões. Fica muito difícil de podermos acolher financeiramente a sugestão, pois o impacto realmente é grande", justificou o porta-voz da companhia.

O sindicato solicitou à ministra uma nova audiência para tentar uma conciliação com a empresa mais uma vez. "A greve vai se estender e o prejuízo para os Correios será maior. Estamos em greve com a intransigência da empresa e isso vai causar prejuízo para todos", disse o sindicalista. De acordo com a Federação, os Correios realizaram dois reajustes da tarifa postal este ano, com alta superior a inflação, um em maio e outro em agosto, que não foram repassados para os trabalhadores.

A ECT negou o aumento duplo, afirmando que a lei só permite a elevação de preços uma vez por ano. Além disso, Dorta salientou que o piso salarial da categoria é de R$ 942,00, proporcionalmente inferior ao que era pago há cerca de 10 anos, quando os profissionais ganhavam, como base, o equivalente a três salários mínimos. "Isso demonstra perda", comparou o secretário da Fentect.

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