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65% dos nordestinos estão endividados, mostra pesquisa

Os consumidores da região Nordeste seguem entre os que têm mais dívidas do País. Entre as causas estão o desemprego, seguido por descontrole dos gastos e empréstimo do nome para terceiros

12:11 | 28/09/2012
Os nordestinos seguem entre os consumidores mais endividados do País. Na região, 65% têm contas a pagar. O percentual cai para 43% na região Sul, de acordo com dados apresentados pela Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

O endividamento é reflexo do aumento do crédito nos últimos anos, segundo o presidente da Boa Vista, Dorival Dourado. Ele destacou que nos últimos cinco anos, 35 milhões de pessoas tiveram acesso ao crédito pela primeira vez.

Essa expansão foi devida principalmente ao incremento do número de pessoas na classe C. Em oito anos, a classe passou de 47 milhões para 107 milhões de pessoas. No período, o endividamento mais que dobrou. De acordo com Dorival, a taxa foi de 18,4% em janeiro de 2005 para 44,2% em janeiro deste ano.

O estudo “Mercados - Endividamento e Inadimplência - Mitos e Verdades 2012” traçou um perfil da concessão de crédito para o brasileiro de diversas classes sociais e regiões. Entre as razões para o endividamento, o estudo apontou o desemprego (34% das respostas) como principal motivo, seguido por descontrole dos gastos (29%) e empréstimo do nome para terceiros (16%).

“Embora trabalhemos com taxas de pleno emprego, o turnover (rotatividade) ainda é extremamente alto”, destacou Dourado. Ele disse ainda ser necessário entender como funciona o crédito para a população. “Não é simplesmente aumentar o volume de crédito, mas entender como é criada essa expansão”, detalhou.

Perfil de empréstimo

O estudo mostra o perfil do novo tomador de crédito brasileiro, identificado a partir de entrevistas qualitativas e quantitativas realizadas em todas as regiões do País.

O estudo traz ainda o dado de bancarização do brasileiro. Segundo os números, 40% da população não tem conta em banco, mas tem o crediário. “O varejo tem a função de levar o crédito para a população de mais baixa renda”, ressaltou o diretor de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza.

Ele explicou que a expansão dos prazos dos financiamentos é fundamental tanto para quem toma empréstimo quanto para quem pega. “Crédito é bom, desejável. A inadimplência que é o problema. A sociedade precisa criar condições para que o crédito continue crescendo com sustentabilidade”, destacou.

21% dos consumidores da classe C estão inadimplentes

Cerca de 21% dos consumidores da classe C e 23% das classes D e E estão inadimplentes, enquanto o percentual cai para 13% entre a classe B. O resultado mostra que é um mito a informação de que os consumidores de classes sociais mais baixas pagam as contas em dia, segundo o diretor de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza.

“É mito. Os consumidores de mais baixa renda pagam menos em dia do que as classes de maior renda”, disse. O estudo “Mercados - Endividamento e Inadimplência - Mitos e Verdades 2012” trouxe mitos e verdades sobre a concessão de crédito no País. Apesar disso, o estudo apontou que ter o “nome limpo” é importante para 96% dos consumidores.

A pesquisa mostrou ainda que as rendas das classes mais baixas não são mais voláteis. Entre as classes D e E, 93% dos consumidores declararam que a renda não variava ou varia pouco. Na classe C, o percentual é de 89%. Cosenza explicou que as taxas de desemprego estão mais baixas e há o processo de formalização do trabalho no País.

Outro destaque da pesquisa é que não há planejamento financeiro entre os consumidores e baixa renda. “90% dos entrevistados disseram que aprenderam a lidar com dinheiro sozinhos ou com os pais”, explicou.

Para o diretor, lidar com as finanças pessoais deve ser algo sistemático e formal. “A maior parte da inadimplência poderia ser evitada com uma poupança”, destacou.

A pesquisa confirmou que o consumidor brasileiro avalia primeiro as parcelas e depois os juros ao tomar crédito. No momento do financiamento, 30% dos consumidores priorizam o valor as parcelas, 15% o número das parcelas e apenas 22% os juros.

Teresa Fernandes

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