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Quatro bancos privados devem avaliar Cruzeiro do Sul

BTG, Itaú BMG, Bradesco e Santander são potenciais interessados em ficar com a instituição

16:38 | 16/08/2012
Quatro bancos privados são potenciais interessados em ficar com o banco Cruzeiro do Sul. A participação de Banco do Brasil e Caixa no processo de venda conduzido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) está afastada.

Itaú Unibanco e BMG, recém-associados em um novo banco para operar em crédito consignado, são tidos como fortes candidatos. O BTG Pactual, que tentou assumir o Cruzeiro antes da intervenção decretada pelo Banco Central em 4 de junho, também é outro que deve olhar as condições de compra com atenção. Para o Bradesco, que recentemente disputou o BMG, a operação também deve interessar. O Santander é a maior incógnita. Para o banco espanhol, um reforço no consignado poderia ser bem-vindo e a instituição tem capital de sobra para uma aquisição. Resta saber se a matriz espanhola aprovaria a compra de um banco que quase foi liquidado num momento tão turbulento na Espanha, em que os bancos estão sob forte escrutínio.

Além de uma carteira de crédito de cerca de R$ 8 bilhões, o Cruzeiro do Sul tem algumas particularidades que devem atrair esses bancos. É o caso, por exemplo, da operação de cartão de crédito consignado, que soma 430 mil unidades. Apenas três bancos têm cartão hoje, além do próprio Cruzeiro: Bonsucesso, Industrial e BMG.

Apesar disso, é um produto que oferece rentabilidade mais atraente que o consignado tradicional para os bancos, segundo executivos ouvidos pelo Valor. Com ele, vendem-se dois produtos ao mesmo tempo: além do próprio consignado, o usuário ainda pode entrar no rotativo do cartão.

O Bradesco ainda está em fase de desenvolvimento desse produto. Por isso, uma aquisição do Cruzeiro poderia acelerar esse processo. Por outro lado, em termos de correspondentes, o banco poderia encontrar alguma sobreposição.

Para o novo Itaú BMG Consignado, certamente haveria um ganho de escala. Hoje, com uma carteira de R$ 11,6 bilhões, o Itaú está atrás dos seus maiores concorrentes: Banco do Brasil, Bradesco e Santander. Isso seria potencializado pelo fato de não haver sobreposição de correspondentes bancários entre BMG e Cruzeiro do Sul.

Muitos dos convênios com órgãos públicos do Cruzeiro, porém, não são vistos como grandes atrativos do banco. Isso porque são contratos que, em sua maioria, ainda estão abertos à entrada de concorrentes. Ninguém precisaria comprar o banco para ganhar esse espaço.

Apenas alguns contratos com prefeituras de pequenas cidades são vistos como interessantes pelos potenciais compradores, já que oferecem margens mais polpudas. Não formam, porém, massa crítica para justificar uma aquisição.

A participação de BB e Caixa está afastada porque já expirou a medida provisória editada logo após a quebra do Lehman Brothers e que autorizou os dois bancos estatais a comprar instituições privadas. Foi com base nessa MP que a Caixa entrou no capital do PanAmericano e o BB ingressou no Votorantim, evitando a quebra dessas instituições na época. Agora, seria preciso uma lei que desse novo sinal verde aos dois bancos. A avaliação de pessoas próximas é que não há ambiente político para isso. Se um dos dois bancos adquirisse o Cruzeiro, certamente sobrariam críticas de que o governo estaria atuando para salvar um banco privado.

Para o BB, particularmente, o modelo de negócios do Cruzeiro do Sul tem um grande inconveniente. É totalmente baseado na venda por meio de correspondentes bancários, algo que o Banco do Brasil não gosta. O BB prefere manter a operação de consignado dentro de suas agências.

O rol de potenciais interessados no Cruzeiro do Sul não é grande. Não são todos os bancos que podem entrar na disputa. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que está coordenando o processo de venda do banco hoje sob intervenção, exige que o grupo econômico comprador tenha, pelo menos, um patrimônio líquido de R$ 2,5 bilhões. Também precisa ser uma instituição brasileira ou estrangeira já com operações no país. Anteontem, o FGC enviou comunicados sobre a oferta do Cruzeiro a 20 instituições.

Para que a compra se concretize a liquidação seja evitada, entretanto, é preciso que os investidores de bônus no exterior e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) aceitem o plano de reestruturação do banco, que inclui um deságio de 49,3% em suas aplicações. Ontem, os bônus tiveram um comportamento negativo em relação à proposta. (ler reportagem na página C1) As ações do Cruzeiro do Sul tiveram também uma desvalorização de 3,91%, em um dia de estabilidade do Ibovespa. As informações são do site Valor Econômico.
Redação O POVO Online

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