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Crédito do BNDES inibe IPOs, diz presidente da Amec

12:55 | 31/08/2012
A atuação estatal no financiamento das empresas impede que um maior número de companhias busque recursos via abertura de capital na bolsa de valores. A opinião é do presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha. Segundo ele, estimular um maior número de organizações a acessarem o mercado de capitais via uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) é o grande desafio do segmento.

"Esse número não cresce, pois as empresas instaladas no Brasil não precisam abrir capital", disse, explicando que o governo as financia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "As companhias não precisam ter o trabalho e todo o custo envolvido na abertura de capital se há uma alternativa de financiamento".

Segundo o superintendente de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, Geraldo Soares, atualmente, o número de empresas com capital aberto no mercado brasileiro não chega a 400. Ele diz ainda que o mercado tem cerca de 600 mil investidores pessoas físicas, sendo que, na verdade, apenas perto de 180 mil operam na prática. "É um mercado muito pequeno", disse, ao moderar o debate de abertura do segundo dia do Congresso da Associação Nacional dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de Capitais (Apimec).

No debate, Cunha criticou o que chama de "ativismo" do governo que, na sua opinião, inibe o mercado de capitais, que ainda de acordo com suas palavras seria visto como um "centro de jogatina e gente rica" por Brasília. Prova disso, segundo ele, é a incidência de alta tributação sobre o mercado de capitais, como a taxação sobre o ganho de capital (dividendos).

A estrategista da Fator Corretora Lika Takahashi acrescentou que a mão pesada do governo não é uma exclusividade do Brasil e que parte disso ocorreu por causa da crise financeira global.

Para o diretor de renda variável da Bradesco Asset Management (Bram), Herculano Anibal Alves, as perspectivas para o futuro são positivas e as empresas devem passar a buscar mais o mercado de capitais para financiar o seu crescimento. "Além de algumas companhias não conseguirem crédito via BNDES, a melhora no cenário externo deve trazer novas empresas para a bolsa", justificou.

Também há a necessidade, na opinião de Alves e de outros especialistas que participam do evento da Apimec, de fomentar o mercado interno de investidores para reduzir a dependência do capital externo, como a isenção para investidores que aplicam menos de R$ 20 mil via fundos de ações, como ocorre no investimento direto em ações. E o momento atual é, conforme eles, propício em meio à queda dos juros e, consequentemente, menor rentabilidade dos ativos de renda fixa, que já está fazendo com que investidores pessoas físicas e institucionais (fundos de pensão, seguradoras etc) diversifiquem suas apostas em troca de um melhor retorno.

O diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino, destacou que o comportamento do investidor pessoa física só será mudado com educação financeira. "Ainda estamos atrasados neste quesito. Os órgãos que gravitam no mercado de capitais precisam se debruçar mais neste tema", avaliou ele. Os executivos também chamaram a atenção para a cultura de curto prazo aplicada no Brasil. Rafael Maisonnave, diretor da Tarpon Investimentos, acredita que a reversão disso se dará no longo prazo.

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