Aves vivas são descartadas em vala em Santa Catarina
Nas imagens, duas pessoas são flagradas, por meio de uma câmera de celular, em cima de um caminhão. Do veículo, elas atiram pintinhos e bandejas de ovos em uma grande vala. A prática vem ocorrendo há algumas semanas e pode ter matado até 114 mil aves. O proprietário da granja, que descartou as aves, não atendeu a reportagem.
A atitude radical de jogar animais vivos na vala em várias regiões do interior catarinense estaria relacionada à falta de ração para aves e suínos. Sem ter como alimentar os animais, alguns criadores preferem interromper a produção. A crise teve início com o aumento dos insumos para a fabricação da ração e atingiu em cheio um dos principais motores da economia do Estado.
De acordo com Marcos Antônio Zordan, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), o preço do milho e do farelo de soja, usados na ração, dispararam desde o início do ano. A saca do milho passou de R$ 23 para até R$ 36, e a tonelada do farelo saltou de R$ 550 para R$ 1.500. "Foi um reajuste acentuado e que tornou a criação de aves e suínos praticamente inviável. A ração representa cerca de 70% do preço da carne. Com este aumento, as margens diminuíram", disse.
O cenário é resultado, principalmente, de dois eventos climáticos. O primeiro foi a seca que atingiu o oeste catarinense no início do ano e afetou as plantações de milho. Em seguida, a safra americana também quebrou e deixou os grãos ainda mais caros.