Bens de capital evitaram queda maior na produção
"Muito do crescimento tanto de bens de capital quanto de bens de consumo duráveis tem relação direta por conta de veículos automotores. Os caminhões impactam a produção de bens de capital, e os automóveis impactam duráveis", explicou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
A produção de bens de capital teve alta de 3,8% em março ante fevereiro, mas, na comparação com março de 2011, houve queda de 5,7%. Já a fabricação de bens duráveis teve avanço de 3,4% em março em relação a fevereiro, mas, na comparação com março do ano passado, despencou 11,6%.
"Você tem uma retomada de produção, mas em patamar ainda abaixo do verificado no mesmo período do ano anterior. Os veículos automotores ainda são a principal contribuição negativa para a produção industrial nacional em relação a março de 2011, exatamente pela pressão negativa que os caminhões e automóveis mostram", contou Macedo.
No caso de bens de capital, houve contribuição positiva em março ante fevereiro de máquinas para escritório e equipamentos para informática (3,2%) "A parte de informática entra em bens de capital e também mostra crescimento esse mês", lembrou o pesquisador do IBGE.
Na categoria de bens duráveis, os eletrodomésticos da linha branca, beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), também contribuíram para o avanço na produção.
"A linha branca evita uma queda maior da atividade de máquinas e equipamentos (-0,8%) e impulsiona, junto com automóveis, o resultado da categoria de bens duráveis", disse Macedo. A atividade de mobiliário, também beneficiada pela redução do IPI, teve expansão de 2,8% em março, dando alguma contribuição também para os bens duráveis.
Efeito calendário
Nem o efeito calendário salvou o desempenho da indústria brasileira em março, em relação ao mesmo mês de 2011. A queda na produção foi de 2,1%, embora março de 2012 tenha tido um dia útil a mais do que em igual mês do ano anterior. O resultado negativo teve perfil disseminado, com três das quatro categorias de uso e a maior parte (16) das 27 atividades pesquisadas registrando redução na produção.
Entre as atividades, veículos automotores exerceu a maior influência negativa ao registrar queda de 7,5%, mas houve contribuições relevantes também de material eletrônico; aparelhos e equipamentos de comunicações (-18,4%); metalurgia básica (-6,5%); produtos de metal (-9,8%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,8%); edição, impressão e reprodução de gravações (-7,2%); têxtil (-8,0%) e máquinas e equipamentos (-1,9%).
"O maior volume de importações explica alguns dos impactos negativos mais importantes em relação a março de 2011", contou André Macedo, citando têxteis e telefones celulares.
Na direção oposta, ainda na comparação com março de 2011, entre os 11 setores que registraram taxas positivas, os principais impactos ficaram com outros equipamentos de transporte (11,3%), bebidas (6,8%) e outros produtos químicos (2,9%). No entanto, Macedo lembra que o resultado de alguns desses setores foi impulsionado por uma base de comparação mais baixa.