Skaf e Mantega discutirão novas medidas de incentivo
Para Skaf, a reunião com a presidente Dilma e vários empresários teve como saldo positivo o fato de o governo ter sido convencido de que há um problema sério localizado no desempenho da indústria de transformação.
"A presidente se convenceu que tem um filho enfermo, que é a indústria de transformação", disse Skaf, ao deixar o Palácio do Planalto. Segundo o presidente da Fiesp, esse segmento da indústria cresceu apenas 0,1% no ano passado, enquanto a indústria como todo registrou expansão de 1,6%.
Ele acrescentou que outros setores, como o financeiro, as empreiteiras e a mineração, vão bem. Porém, é na indústria de transformação que estão os melhores empregos e é também esse segmento o responsável pelo recolhimento de 37% do bolo de impostos do País.
Skaf comentou que a decisão do governo de desonerar a folha de alguns setores é boa, porém não é possível que a tributação seja transferida para o faturamento. "Tira os 20% da folha e não compensa em lugar nenhum", sugeriu.
Ele comentou ainda que há um problema no câmbio, pois a atual taxa de R$ 1,80 é a mesma do ano 2000, porém, destacou, nos últimos 12 anos, ocorreu uma inflação de 112%. "Portanto, há uma distorção". Skaf sugere que o Reintegra, programa que devolve aos exportadores 3% do valor exportado, seja elevado para compensar parcialmente esses problemas do câmbio. Ele pediu também mais agilidade na área de defesa comercial e a redução dos juros e do spread bancário.
Na avaliação de Skaf, a conversa com a presidente Dilma foi muito positiva, pois ela deu oportunidade a todos os empresários de falar e apresentar críticas e sugestões. Segundo o empresário, o ministro Guido Mantega e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, tiveram apenas cinco minutos para falar cada um, enquanto os empresários puderam falar pelo tempo que consideraram necessário.
Essa mesma impressão foi transmitida pelo presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal. Segundo ele, a presidente Dilma "mais ouviu do que falou".