Indústria é pilar para o desenvolvimento, diz Dieese
Para Lúcio, a economia brasileira se reestruturou com base na renda via crédito, o que nem sempre é o caminho mais saudável, enquanto os investimentos em produção foram relegados a um segundo plano. "Tornou-se uma questão estrutural, porque além de a economia ter sido estruturada com base na renda do crédito, a indústria passou a sofrer os impactos negativos de um câmbio valorizado, gerando forte concorrência da indústria chinesa", diz. "Essa combinação fragiliza a nossa estratégia industrial. Penso que daqui a um ano poderemos sofrer novamente as consequências estruturais, com queda continuada da renda, do trabalho, do emprego na indústria e descontinuidade dos investimentos".
No setor calçadista, por exemplo, um dos mais atingidos pelo câmbio valorizado e a concorrência dos importados mais baratos da China, só em 2011 foram fechados 11 mil postos de trabalho, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
O quadro de funcionários na indústria calçadista encerrou 2011 com um total de 337,5 mil empregados depois de ter contabilizado 347,1 mil trabalhadores no final de 2010. A situação neste segmento é preocupante porque essa mão-de-obra passa para os setores da construção civil e serviços. "Os trabalhadores, quando não vão para a construção, abrem pequenos negócios", diz a Abicalçados.