Grécia finaliza acordo e dá maior calote da história
Segundo os bancos, porém, o pacto evita um calote descontrolado que poderia custar 1 trilhão de euros para a Europa em danos e aprofundar a crise mundial. O acordo entre os bancos privados para perdoar mais de 100 bilhões de euros da dívida grega era uma condição para que a UE aceitasse dar seu segundo pacote de resgate em menos de dois anos.
De acordo com o diretor do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Charles Dallara, o acordo é "a maior reestruturação da dívida soberana já feita". Mas, segundo ele, "reduz os riscos de um contágio nos mercados". A instituição, que representa os maiores bancos do mundo, foi quem negociou com os gregos, na percepção de que um calote desordenado da Grécia acabaria provocando um caos ainda maior que o calote negociado.
Assim, a reestruturação da dívida, incluindo o calote e financiamentos da UE e do FMI, atinge 206 bilhões euros. O calote da Grécia, de 100 bilhões de euros, supera o da Argentina em 2001 - de 60 bilhões de euros. Tanto o montante da reestruturação quanto as perdas dos investidores com o calote serão superiores no caso grego. Investidores perderão 74% do valor dos títulos gregos. No caso argentino, as perdas foram de 73%.
Na realidade, as situações são bem diferentes. O calote grego foi negociado, tem apoio do FMI e bilhões de euros da UE para não deixar o país isolado. Embora marginal, a economia grega faz parte da zona do euro e acontecimentos no país poderiam contaminar países do bloco.
Na manhã de ontem, o governo grego anunciou que investidores que controlam 83,5% dos papéis emitidos pelo país - 172 bilhões de euros - aceitaram o calote parcial, o que permitiu a Atenas ativar a cláusula de ação coletiva e forçar a aprovação pelo restante dos investidores, que detêm 25 bilhões de euros em títulos da dívida.
A primeira parte dos recursos, de 35,5 bilhões de euros, foi desbloqueada e vai para os bancos locais, permitindo que a Grécia honre compromissos antes de 20 de março, quando terá de contar com 14,5 bilhões. Na segunda-feira, os gregos devem fazer a troca dos bônus dos credores privados por títulos de longo prazo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.