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Greve de 24 horas retarda operações nos portos estatais

Paralisação não teve adesão total

17:00 | 08/02/2012

Embora sem causar grandes prejuízos às operações de embarque e desembarque de cargas, a paralisação de parte dos trabalhadores dos portos administrados pela União provocou lentidão nas operações, principalmente das áreas administrativas que cuidam, por exemplo, da liberação de documentos.

Organizada pela Federação Nacional dos Portuários e deflagrada às 7h, a greve de 24 horas é a forma encontrada pela categoria para exigir do governo federal uma solução para o Portus, o fundo de previdência complementar dos empregados das companhias Docas de todo o país e de algumas administradoras portuárias estaduais e municipais. Os portuários também reivindicam a conclusão das negociações salariais iniciadas no ano passado e a consequente assinatura do acordo coletivo de trabalho nos estados em que isso ainda não ocorreu.

Os portos mais afetados pela paralisação temporária foram os capixabas. Segundo a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), além da paralisação de boa parte dos funcionários administrativos da companhia, os avulsos, que não tem vínculo empregatício com companhia, aderiram ao movimento paralisando as operações nos portos de Vitória e Barra do Riacho.

Em Santos (SP), onde está o maior porto da América Latina, os empregados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) resolveram não participar da paralisação. Os portuários santistas promoveram um ato público diante da sede da Codesp, cobrando soluções para o saneamento das contas do Portus e a assinatura do acordo coletivo de trabalho, cuja negociação está sub judice.

Na Bahia, a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) informou que a mobilização também se limitou a manifestações em frente à sede da empresa, responsável pela administração dos portos de Salvador, Ilhéus e Aratu. Já o presidente do Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários da Bahia (Suport), Ulisses Souza Oliveira Júnior, garente que cerca de 85% dos trabalhadores baianos aderiram à paralisação de 24 horas.

“Estamos falando dos que trabalham no setor administrativo. O reflexo disso é a maior demora nos procedimentos administrativos, como a liberação de documentos (relativos ao desembaraço de cargas)”, disse Oliveira Júnior à Agência Brasil. Ele explicou que o embarque e o desembarque de mercadorias só não foi mais afetado por ser feito por empregados dos próprios terminais portuários ou trabalhadores avulsos, que não fazem parte do movimento. Ainda assim, o sindicalista garante que os portuários avulsos, estivadores, arrumadores, vigias e conferentes de carga (que não tem vínculo empregatício com a Codeba) apoiam o movimento.

A Companhia Docas do Rio de Janeiro também garante que as operações estão transcorrendo normalmente e que, até o momento, nenhuma anormalidade foi registrada. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Portuários dos Portos do Estado do Rio de Janeiro, Sergio Magalhães Giannetto, contudo, informou que, de manhã, a atracação de navios e o embarque e desembarque de cargas foram afetados e que o reflexo será perceptível quando o volume das operações diárias for divulgado.

Responsável pelo movimento, a Federação Nacional dos Portuários garante que a paralisação atingiu, em diferentes graus, os portos de Belém, Santarém e Vila dos Condes, no Pará, e os da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern): Natal, Maceió e o Terminal Salineiro de Areia Branca. Segundo o presidente da federação, Eduardo Lirio Guterra, é difícil obter a adesão de todos os trabalhadores de Santos e do Rio de Janeiro em função do tamanho desses portos.

“As empresas nunca vão admitir que os trabalhadores fizeram um movimento vitorioso. Nossa mensagem, contudo, foi passada à sociedade e, só por isso, o resultado já é positivo. É necessário que os governos aceitem se sentar à mesa e negociar com a categoria”, disse Guterra, frisando que, até o momento, nenhum outro setor do governo federal além da Secretaria Especial de Portos demonstrou disposição para negociar com a categoria.

Uma reunião das lideranças sindicais, marcada para os dias 15 e 16, discutirá a possibilidade de convocvação de uma greve por tempo indeterminado a partir do dia 23. A Agência Brasil procurou a Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar) e a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) para apurar a extensão dos prejuízos causados pela paralisação, mas as duas entidades ainda estão levantando dados.

Agência Brasil

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