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Europa perde a paciência com a Grécia

Acordo atingido na quinta-feira entre Grécia e seus credores institucionais não foi suficiente para os europeus

18:02 | 10/02/2012
Após dois anos de crise, a Europa dá sinais de que já não confia em que Atenas possa cumprir com as reformas exigidas em troca de ajuda financeira e alguns dirigentes já falam de uma Eurozona reduzida a 16 membros.

O acordo atingido na quinta-feira entre Grécia e seus credores institucionais (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) não foi suficiente para os europeus.

Queremos "ações concretas" antes da próxima quarta-feira, disse o Eurogrupo (grupo dos ministros de Finanças dos 17 países que adotaram o euro), ao finalizar uma reunião em Bruxelas. Do contrário, a Europa não desbloqueará o resgate de 130 bilhões de euros para evitar que a Grécia declare a quebra.

O país tem menos de uma semana para cumprir "três condições": em primeiro lugar, o Parlamento grego precisará aprovar domingo o plano de austeridade acordado pelos líderes partidários na quinta-feira.

Além disso, "o governo grego terá que apresentar uma economia extra de 325 milhões de euros" no orçamento para 2012 do país, e isto "até quarta-feira", insistiu Juncker.

A zona do euro também exige que os partidos da coalizão no poder em Atenas apresentem "fortes garantias políticas" sobre seu apoio ao plano de austeridade, precisou.

Caso a Grécia não receba os fundos, o país não poderá honrar no dia 20 de março o próximo vencimento de sua dívida, de 14,4 bilhões de euros, o que a obrigará a declarar a suspensão dos pagamentos.

Atenas negocia de maneira paralela com seus credores privados (bancos e fundos de investimentos), uma perdão 100 bilhões de euros do total de sua dívida, que se eleva a 360 bilhões de euros.

A ideia é reduzir essa colossal dívida de atualmente 160% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para 120% até 2020.

Contudo, alguns especialistas acreditam que nem mesmo no melhor dos cenários o anúncio de um acordo na Grécia do agrado da UE dará garantias de que o país retomará o caminho do crescimento econômico e conseguirá evitar sair da União Monetária integrada por 17 países da UE.

"Só o tempo poderá nos dizer se a dívida grega poderá algum dia alcançar um nível sustentável", disse Janis Emmanouilidis, do Centro de análises European Policy Center (EPC).

Já os analistas do Capital Economics são mais contundentes e dizem que por mais ajuda que a Grécia receba, sua economia asfixiada pela falta de competitividade e perspectivas de mais recessão impedirá sua recuperação.

"Os pedidos de mais austeridade da Eurozona são impossíveis de serem cumpridos", disseram.

Refletindo o descontentamento popular, o líder do LAOS, partido de extrema direita grego, George Karatzaferis, afirmou nesta sexta-feira que não votará as novas medidas de austeridade exigidas pela Troika de credores da Grécia em troca do novo lote de ajuda ao país.

"O que nos foi imposto é uma humilhação e não tolerarei isso", afirmou.

Na véspera, o governo anunciou que o acordo dos três partidos da coalizão (socialista, conservador e ultradireitista) sobre esse plano.

O pacote de medidas de rigor, cujos detalhes não foram publicados ainda, deve ser votado pelo Parlamento no início da noite de domingo.

Das 300 cadeiras que possui o Parlamento unicameral grego, a coalizão governamental conta com 252 deputados, sendo 16 do LAOS.
AFP

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