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A nova lan house

Porta de entrada da Internet para quase metade dos brasileiros, as lan houses agregam outros serviços para se adaptar à concorrência de conexão por outros meios. Aprovado na Câmara dos Deputados, projeto de lei prevê regulamentação e parcerias com setor público

10:56 | 08/01/2012

Estima-se que quase a metade dos brasileiros acessem a Internet por meio de lan houses, segundo levantamento feito pela Câmara dos Deputados, sendo que esse público aumenta em cidades pequenas e na zona rural. No Ceará, de condições sócioeconômicas precárias e que ainda possui índices educacionaias longe do ideal, a situação é ainda mais complicada.


Esse cenário, tanto no Brasil quanto no Estado, está aos poucos mudando para melhor. Aprovada pela Câmara dos Deputados no primeiro semestre de 2011, a regulamentação das lan houses é a promessa de que esse importante instrumento de democratização da Internet passará por uma profunda transformação.


A começar pelo nome. De acordo com o projeto relatado pelo deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), os “centros de inclusão digital”, como passarão a ser chamados, poderão fazer parcerias entre os governos municipais, estaduais e federal para ampliar o acesso dos usuários, por meio de programas de complementação pedagógica.


Uma série de outras medidas estão previstas no projeto de lei, que ainda precisa passar pelo crivo do Senado (veja quadro). Enquanto a iniciativa não vira realidade, as lan houses tentam sobreviver ao principal concorrente: a popularização, cada vez maior, de computadores e conexão à Internet.


Serviços agregados

Em cidades visitadas pelo O POVO, foi fácil perceber essa realidade. Em Paraipaba, a empresa Digipaper, que já foi uma lan house bem estruturada, atualmente oferece esse serviço de forma discreta. O forte passou a ser venda de suprimentos, assistência em informática, papelaria e xerox.

 

“Hoje só sobrevive se agregar serviços. Já fecharam muitas por aqui”, diz Luís Gustavo Cavalcante, 31. No ramo há cerca de 12 anos, desde o tempo em que a conexão ainda era discada, o técnico em informática relata que a crise afetou, inclusive, o preço por hora de uso da Internet: já teria chegado a R$ 3,00 a hora, caindo para R$ 1,00.


No município de Horizonte, a situação é semelhante. Lá, o servidor da área da saúde José Agecilanes Alves, 48, mantém a XGame Lan House, um pequeno negócio, originalmente pensado para ser uma lan house. Mais de dez cabines continuam equipadas para tal. Mas o movimento mostra-se fraco, conforme O POVO constatou quando esteve no local.


Para driblar a crise, Agecilanes teve de diversificar para outros tipos de atividades online. Na XGame Lan House há prestação de serviço de digitação em geral, confecção de currículo - que pode ser encaminhado, de lá, diretamente para as empresas -, impressão de trabalhos escolares e retirada de CPF.


Neste último caso, o interessado no documento vai a uma agência dos Correios ou do Banco do Brasil, faz o cadastro e, com o número da inscrição, sai da empresa de Agecilanes com o documento já plastificado. Segundo o proprietário da XGames, o público também procura o local para registrar Boletim de Ocorrência (BO) eletrônico.

 

 

O quê


ENTENDA A NOTÍCIA


Proposta já aprovada a Câmara dos Deputados, em Brasília, indica aproximação do serviço público ao segmento de lan houses. Estabelecimentos ganham nome de “centros de inclusão digital”. Ideia é democratizar a Internet

 

NÚMEROS

 

108 mil

é a quantidade de lan house no País

74%

do público que acessa é classe C e D

 

80%

são um negócio familiar

 

44%

oferecem produtos e serviços adicionais

 

31%

funcionam há menos de um ano

 

 

Erivaldo Carvalho

 

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