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Depois de 35 anos de viagem, a sonda Voyager está muito próxima do infinito

O objetivo inicial do programa era estudar os planetas mais distantes do Sistema Solar, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno

13:48 | 05/09/2012
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PARIS, 5 Set 2012 (AFP) - Faz 35 anos que ela deixou a Terra e, a mais de 18 bilhões de km de nosso planeta, a sonda americana Voyager 1, lançada em 5 de setembro de 1977, entra em um mundo até agora inexplorado, ultrapassando os limites de nossa compreensão do Sistema Solar.

Várias equipes analisam os dados enviados pela sonda, que trazem informações inéditas sobre os confins de nosso sistema solar, como testemunha um artigo publicado nesta quarta-feira sobre "uma região de transição antes da fronteira com o espaço intersideral, "a heliopausa".

O programa de exploração Voyager da Nasa - a Voyager 2 foi lançado um mês depois em uma outra trajetória - tinha como objetivo estudar os planetas mais distantes do Sistema Solar, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Em seguida, as sondas continuaram seus caminhos em direção à fronteira do Sistema Solar. A Voyager 1 está prestes a se tornar o primeiro objeto de fabricação humana a ultrapassar este limite e alcançar o espaço interestelar.

As sondas Voyager viajam cada uma com "uma garrafa cósmica", um disco chamado "Voyager Golden Record" contendo imagens e sons representativos da história de nosso mundo: um gráfico com a posição da Terra no espaço, uma foto de fetos, a estrutura do DNA, sons de animais, uma seleção musical e ainda mensagens em 55 línguas diferentes.

Sabemos exatamente a que distância do Sol está a Voyager 1, pois os dados são atualizados continuamente no site da Instituição de Tecnologia da Califórnia (http://voyager.jpl.nasa.gov/).

Também sabemos que a Voyager 1 deve, em determinado momento, sair da zona de influência do Sol (heliosfera), onde se encontram a Terra e os outros planetas do Sistema Solar, para entrar no gás interestelar ou galático, que forma as estrelas.

Sabemos ainda que a Voyager 1 ultrapassou em 2004 o "choque térmico", onde o vento solar é brutalmente desacelerado, para entrar na heliosfera.

Mas o que os cientistas não podem prever exatamente é quando a sonda vai atravessar a zona de fronteira entre os dois ambientes, a heliopausa, cuja localização é desconhecida, provavelmente flutuante.

 

"Dias, meses ou anos"

A equipe de Robert Decker, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, Maryland, mostra na revista Nature que a Voyager 1 entrou em março de 2010 em uma "região de transição" da heliosfera. Contra todas as probabilidades, os fluxos de vento solar medidos na região de transição aparecem praticamente nulos.

Em maio, um brusco aumento dos raios cósmicos que atingem a sonda nutriu a esperança de que ela estaria muito próxima da heliosfera.

Ela já pode estar na fronteira com espaço intersideral, declarou Ed Stone, cientista responsável pelo Voyager no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Mais poderá passar dias, meses ou anos antes que a sonda entre efetivamente no espaço intersideral.

"O conjunto de medições de partículas sugere fortemente que estamos fora ou quase fora do vento solar", declarou à AFP Rosine Lallement (Observatório de Paris).

"Muitos fenômenos têm-se revelado de fato muito diferentes das previsões, desde o vento solar a grandes distâncias até o choque terminal e a heliosfera, e isso continua com a heliopausa", observou o astrônomo francês.

Os dois Voyager também revelaram muitos detalhes sobre os aneis de Saturno e descobriram os aneis de Júpiter. Eles transmitiram as primeiras imagens detalhadas dos aneis de Urano e de Netuno.

Os cientistas acreditam que podem continuar a recolher e transmitir dados até 2020 e talvez até 2025.

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