Participamos do

Caminhão guindaste atola em estrada improvisada pelo DER

Um veículo pesado de uma empresa de energia eólica de Trairi ficou preso após tentar passar por trecho destruído pelo arrombamento do açude da Unique
20:24 | Mai. 10, 2017
Autor Demitri Túlio
Foto do autor
Demitri Túlio Repórter investigativo
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1]

Os transtornos no município cearense de Trairi, distante 124,5 km de Fortaleza, continuam 20 dias após o arrombamento da barragem da fazenda Unique. Na tarde desta quarta-feira (10), um caminhão guindaste da Central Eólica Trairi (antiga Tractebel) atolou no desvio improvisado da Volta da Hilda. Trecho destruído pela força das águas na CE-163 (distrito de Canaã).

>> Arrombamento. Quem vai pagar pelos prejuízos em Trairi?

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Segundo o professor Célio Alves Ribeiro, 41, morador de Canaã e que estava no local, a passagem feita de areia, piçarra e sobre anilhas cedeu com o peso do caminhão que tem duas cabines, pelo menos 16 pneus e um guindaste gigante na parte superior do veículo. O risco era tombar e cair no rio que passa por debaixo da rodovia danificada.

[SAIBAMAIS]

A “vereda” de areia e piçarra foi feita pelo Departamento Estadual de Rodovias do Ceará (DER) para que Trairi retomasse, ainda que de forma precária, parte da mobilidade do lugar. Além da Volta da Hilda, o rompimento do açude da Unique também abriu uma cratera na Barra das Frecheiras. Lugar de entrada e saída para as praias de Frecheiras e Guajiru.

Até agora, a Unique LQD Investments Empreendimentos Imobiliários Ltda – proprietária da barragem - não apresentou um plano de recuperação de danos para o poder público, para moradores e empreendedores prejudicados com o estouro do reservatório que armazenava 492,9 mil m³. Além disso, a Unique ainda se responsabilizou pelo desgaste ambiental.

[FOTO2]

Segundo Marcos Prado (PSDB), 41, prefeito de Trairi, pelo menos 25 mil pessoas foram afetadas e os gastos poderão ultrapassar a R$ 4 milhões. A coleta de lixo nos distritos de Flecheiras e Guajiru, onde existem praias, foi interrompida e só retomada cinco dias após o ocorrido. A rotina escolar e o atendimento médico na zona rural, coberto pelo Programa Saúde da Família (PSF), sofreram descontinuidade. “Sem falar que somos uma cidade turística e o acidente ocorreu na véspera do feriado de Tiradentes”, afirmou o gestor.

O POVO foi à fazenda Unique, em Trairi, mas não foi recebido pelos gerentes do empreendimento. Também enviou e-mails e whatsapps para os britânicos Andrew James Goodman e Anthony Justin Archer, donos da empresa. Fez ainda ligações telefônicas e escreveu um bilhete, deixado na sede da fazenda. Não houve retorno. Os dois não moram mais no Brasil. Apesar de Andrew viver no México e Anthony, nos EUA, eles possuem gerentes aqui em Fortaleza e Trairi.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente