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Piloto de parapente filma tiroteio entre PM e quadrilha em Quixadá

Piloto saltou da rampa do distrito de Juatama com mais três amigos e, durante o voo, registrou o barulho dos disparos efetuados durante confronto que deixou três PMs mortos
16:05 | Jul. 04, 2016
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia
O piloto de parapente e administrador de empresas Eurismar de Freitas Moura Júnior, 31 anos, registrou, durante salto de voo livre, o tiroteio entre criminosos e policiais militares em Quixadá, na última quinta-feira, 30. Nas imagens do confronto, que deixou três PMs mortos e um ferido, é possível ouvir os disparos efetuados.

O piloto saltou da rampa de voo livre do distrito de Juatama, em um hotel, com mais três amigos. Ele conta que não conseguia ver o confronto, mas recebeu pelo rádio a informação de que era uma troca de tiros entre criminosos e policiais. "Eu ouvi os disparos e até achei que fossem no campo de treinamento de tiros, que fica na estrada. Depois [de saber que era um tiroteio], a primeira coisa que a gente pensou foi como pousar para sair daquela zona de risco".

A área de confronto era o único local seguro para pouso naquele momento, pois os pilotos não poderiam voar ao lado nem atrás da montanha, somente na frente. "Assim que 'acalmou' eu fui para o pouso e, no percurso, teve mais tiro. Acabei pousando sozinho, e os colegas continuaram voando", relata o piloto.

Em solo, Eurismar lembra que viu muitas viaturas policiais e resolveu fazer um alerta sobre o tiroteio no Facebook. "Foi uma forma de avisar os amigos e ao mesmo tempo chamar a Polícia. Já passei por uma situação de risco em que bandidos entraram na minha casa e isso [alerta nas redes sociais] foi o que me salvou", conta.
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Adrenalina

Eurismar explica que ele e os colegas ouviram uma sequência de tiros durante alguns minutos. Ele disse que viu quatro pessoas vestidas de preto tentando se proteger, correndo em direção à Juatama, até que um deles cai. "A princípio não sabia que era a Polícia, foi depois que percebi que eram policiais porque estavam de preto", afirma.

Piloto de parapente há três anos, ele diz que não sentiu medo, mas ficou apreensivo quanto ao local de pouso. "Até que foi tranquilo porque estou acostumado a voar em Quixadá. A gente passa por situações de risco bem maiores e acaba se acostumando com a adrenalina".
Quando pousou, ele não conseguiu ver o tiroteio, mas ouviu mais disparos. "Eu recolhi meu equipamento e fui para a casa de um amigo. Os outros três pilotos ficaram por mais tempo até cessar tudo", lembra.

Depois do registro, Eurismar viajou para um campeonato de voo livre em Tianguá e só soube das mortes dos três PMs no último sábado, 2. "Na hora foi bem confuso. Viajei no dia seguinte e fiquei isolado sem telefone e sem internet. Os detalhes eu só soube depois", completa.

PMs mortos
O sargento da Polícia Militar Francisco Guanabara Filho, 50, o cabo Antônio Joel de Oliveira Pinto, 33, e o soldado Antônio Lopes Miranda Filho, foram mortos quando tentavam impedir um assalto a um carro-forte.

Um quarto policial, identificado como Campos, ficou ferido e foi encaminhado ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro. Durante o tiroteio, os criminosos ainda chegaram a roubar uma viatura da Polícia, levando dois policias como reféns, que foram liberados em seguidos.

Após montar cerco na região, a Polícia prendeu três pessoas suspeitas de participarem de uma ocorrência simultânea à que vitimou os PMs. Em decorrência das mortes, a Prefeitura de Quixadá decretou luto oficial de três dias.

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