Pesquisador morto em gruta no Ceará era biólogo e coordenava grupo de escalada

Universidade lamentou morte do aluno e afirmou que empresa contratante do profissional fará traslado do corpo

16:57 | Out. 01, 2025

Por: Alexia Vieira
Janderson Assandre, 31, morreu em uma gruta em Limoeiro do Norte (foto: Reprodução/Facebook)

O pesquisador que morreu ao ficar preso em uma gruta de Limoeiro do Norte, cidade do interior do Ceará a 198,88 km de Fortaleza, é Janderson Assandre, 31. Aluno do mestrado de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, o biólogo estava prestando serviço a uma empresa no momento do acidente.

De acordo com nota da UFSCar, a empresa está providenciando o traslado do corpo do pesquisador. Ainda não há informações sobre velório ou sepultamento.

Outro trabalhador que realizava atividades com Janderson também passou mal e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE). Ele recebe atenção médica no Hospital São Raimundo, em Limoeiro. Não há informações atualizadas sobre o estado de saúde dele.

Em nota, a universidade lamentou a morte do aluno e afirmou estar empenhada em acolher e dar assistência às pessoas próximas.

Janderson estagiou na Secretaria Geral de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (SGAS) da UFSCar e era coordenador do Centro Universitário de Montanhismo e Excursionismo (Cume).

A professora Raquel S. Boschi, orientadora de Janderson, também se pronunciou por meio de nota. “Hoje nos despedimos com imensa dor do nosso grande amigo Janderson. Ele não foi apenas um estudante brilhante, mas alguém que transformava a vida de quem o conhecia”, disse.

Para ela, a alegria de viver do pesquisador impressionava. “Sua energia era contagiante, sua coragem diante da vida inspirava, e seu otimismo iluminava os momentos mais difíceis”, afirmou no texto.

Gases tóxicos podem ter causado desmaio em pesquisadores; entenda

De acordo com o Corpo de Bombeiros, os dois homens teriam desmaiado enquanto trabalhavam na gruta. Isso teria ocorrido por desmoronamento de terra ou por gases tóxicos encontrados dentro da cavidade. Janderson já estava sem vida quando a equipe de resgate chegou ao local.

O professor do departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), César Veríssimo, explica que os dois podem ter passado mal devido ao dióxido de carbono e metano que podem ficar acumulados no fundo de cavernas.

“Isso gera a redução do oxigênio e a perda da consciência”, afirma. Há também a possibilidade de encontrar sulfeto de hidrogênio em cavernas, que causa irritação nos olhos, náusea e tontura.

Os gases são produzidos naturalmente e podem se acumular em áreas mal ventiladas das cavernas, tornando o ambiente perigoso para visitantes e pesquisadores.

César, que ministra a disciplina de estudos de cavernas — a espeleologia —, alerta para a necessidade de experiência e equipamentos de proteção individual (EPI), como capacetes, lanternas, macacões e sapatos adequados para realizar exploração de cavernas.

“Entrar numa caverna exige uma certa destreza, vai ter que se abaixar, levantar, ter habilidades mínimas”, diz.