Cearense Keron Ravach é a vítima de transfeminicídio mais jovem do Brasil desde 2017

Relatório divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) indica que as vítimas de assassinatos estão se tornando mais jovens, sendo mortas com maior violência

O Ceará registrou a vítima mais jovem assassinada por transfeminicídio no Brasil desde 2017, conforme relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Keron Ravach foi espancada até a morte na cidade de Camocim, Interior do Ceará, no dia 4 de janeiro deste ano. Ela foi encontrada com as mãos amarradas e sinais de violência em um terreno baldio no município.

O jovem responsável pela morte de Keron também é um adolescente, de 17 anos. A Justiça aplicou sentença de internação para ele por tempo indeterminado como medida socioeducativa. No entanto, ele ficará internado, no máximo, até 2024. O artigo nº 121 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante que a internação dure até três anos, ainda que a sentença não defina esse período.

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De acordo com os dados da Antra, os dados do primeiro semestre de 2021 indicam que assassinatos contra pessoas trans estão acontecendo mais precocemente, com vítimas cada vez mais jovens e com maior violência. A associação considera que um dos motivos para isso é o acirramento das vulnerabilidade desse público, em decorrência do impacto da pandemia.

“As pessoas trans continuam invisibilizadas para as políticas públicas, onde o estado tem falhado miseravelmente na proteção e na garantia da vida dessas pessoas”, pondera a Antra no relatório. A associação aponta que a dinâmica do assassinato de pessoas trans não segue o padrão de homicídios em geral e critica a ausência de dados governamentais.

No total, 80 pessoas trans foram vítimas de assassinatos no Brasil e outras 33 sofreram tentativa de homicídio no primeiro semestre de 2021. No ano passado, foram registrados 175 casos de assassinatos. “Temos algumas questões que precisam ser respondidas, dentre elas o fato de ter aumentado o número de assassinatos no período mais duro da pandemia e se houveram iniciativas importantes ou ações advindas dos governos municipais, estaduais e federais a respeito do enfrentamento da violência”, considera a associação no documento.

No primeiro semestre deste ano também foram registradas pelo menos 27 violações de direitos humanos de travestis e demais pessoas trans. A associação aponta que a sociedade não demonstra respeito com as pessoas trans, que continuam tendo seus direitos básicos violados. “(A sociedade) tem a intenção de negar o espaço público às pessoas trans, mas também impedir a naturalização de nossos corpos e das relações e interações sociais com outros grupos”, considera.

>> Leia a íntegra do relatório da Antra: Clique aqui para baixar o PDF.

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