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Asteroide que caiu em Baturité foi fenômeno luminoso no céu de Fortaleza

O meteoro provocou tremor e estrondo no Maciço de Baturité, mas a queda foi observada principalmente em Fortaleza, com a entrada do objeto na atmosfera
18:39 | Out. 10, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

A queda do pequeno asteroide na Serra de Baturité neste sábado, 10, provocou barulho e tremor nos municípios de Redenção, Guaramiranga, Pacoti, Capistrano, entre outras cidades cearenses. No entanto, a entrada do objeto na atmosfera foi observada principalmente em Fortaleza, como um fenômeno luminoso na Capital, por volta das 6h40min desta manhã. De acordo com o astrônomo Lauriston Trindade, os relatos indicam que o meteoro se deslocou da região Sul da Cidade, em direção ao Noroeste do Estado.

O asteroide também foi flagrado em imagem capturada pelo satélite GOES-16, monitorado pelo Brazilian Meteor Observation Network (Bramon - Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros). Segundo Lauriston, o equipamento registra energia de fenômenos como relâmpagos, por exemplo. Mas como não houve nenhuma tempestade, a única explicação para a energia capturada pelo satélite é a entrada de um objeto como o bólido, asteroide que foi testemunhado por fortalezenses.

Natália Sousa, de 29 anos, foi uma das pessoas que viram o na Capital. A servidora pública relata que estava na varanda do seu apartamento, no bairro Manoel Dias Branco, quando avistou a “bola de fogo” cortando o céu. “Daqui não observei barulho nem tremor. Até chamei meu esposo para ver, só que já tinha caído e não deu mais”, conta ela. “Ficou um pequeno rastro de fumaça onde ele passou”. O fenômeno também foi visto nos bairros José Walter, Cidade dos Funcionários, Cidade 2000 e Praia do Futuro.

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O estrondo, por outro lado, foi percebido principalmente no Maciço de Baturité, onde o asteroide caiu. O astrônomo Lauriston, que faz parte da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros, explica que o barulho é provocado pela fragmentação da rocha espacial, durante o seu deslocamento em estado de superaquecimento. Como o som é mais lento que o próprio evento, algumas cidades só foram perceber o barulho minutos depois que o objeto foi visto no céu.

O fisioterapeuta Tiago Araújo, 29, estava em casa, no município de Capistrano, se preparando para ir ao trabalho quando ouviu o barulho. Ele descreve que sentiu uma “onda sonora” seguida de um tremor nas portas e janelas. No entanto, como achava que se tratava de alguma implosão de pedras, não teve curiosidade de sair para olhar. “Como estava dentro de casa, não vi nada. Mas todo mundo comentou sobre essa onda sonora e ninguém sabia relatar o que tinha acontecido”, diz.

Leia também | Estrondo no Maciço de Baturité foi causado por queda de um pequeno asteroide

Em Guaramiranga e Pacoti, o forte barulho causado pelo asteroide foi o assunto do momento. O jornalista Marcelo Andrade, de 33 anos, relata que estava em casa, em Guaramiranga, quando ouviu um barulho como se fosse “um forte trovão”. Mas não deu muita atenção, até chegar na feira de Pacoti e observar que todo mundo comentava e se perguntava de onde veio aquele som forte e tremor.

“Todo mundo surpreendido sem saber, o pessoal ficou se questionando se seria um meteoro ou um tremor de terra. Mas, assim, luz e clarão a gente não viu. Por aqui falaram que foi só o evento do estrondo da explosão, um mais forte e depois um menor”, detalha Marcelo. O tremor, por outro lado, não foi tão forte, segundo esclarece. Foi apenas uma vibração que mexeu portas e janelas das casas.

Evento atmosférico intenso

Segundo o astrônomo e professor de física, Dermeval Carneiro, pelo plasma registrado pelo GOES-16 da Bramon, é possível afirmar “sem dúvida” que a queda do asteroide se tratou de um evento atmosférico intenso. No momento, a equipe está aguardando registros de câmeras para calcular a trajetória de possíveis fragmentos do meteoro.

“Vamos aguardar também relatos de algum achado de meteoritos”, acrescenta Dermeval. “Se caiu em região serrana, o que é provável, fica mais difícil sem algum morador ter encontrado algo”. A equipe da Bramon está refinando a localização da área dos fragmentos. Para isso, precisa da contribuição da população, a partir de relatos e imagens capturadas por câmeras que estavam direcionadas para a direção do evento.

O astrônomo da Bramon, Lauriston Trindade, também aguarda dados de infrassom do Center for Near-Earth Object Studies (em português, Centro para Estudos de Objetos Próximos à Terra), da Nasa, para verificar a velocidade e calcular a possível área de fragmentos.

Como ajudar

A população pode contribuir com o trabalho da equipe do Brazilian Meteor Observation Network, enviando imagens, vídeos e relatos no site do observatório. (Colaborou Lígia Grillo)

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