No Ceará faz frio? Entenda fatores que geram baixas temperaturas no Interior

Altitude, distância para o mar e atuação de massas de ar corroboram para menores índices no início das manhãs nas regiões mais altas do Estado

Algumas cidades cearenses registraram baixas temperaturas durante o primeiro semestre deste ano, como o índice de 13,7° C apontado na cidade de Aiuaba, a 417 quilômetros (km) de Fortaleza, nas primeiras horas da manhã da última segunda-feira, 1°. Além dela, outros municípios de regiões como o Sertão Central e Inhamuns, bem como a Serra da Ibiapaba, têm sido influenciados por diversos fatores que geram quedas momentâneas nos termômetros.

De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as regiões da Ibiapaba e do Sertão Central e Inhamuns concentraram as dez menores temperaturas do Estado em 2024. Com duas maiores elevações do Estado em relação ao nível do mar, os municípios dessas regiões compartilham o primeiro fator decisivo para as baixas temperaturas: a altitude.

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Regiões serranas e de municípios muito acima do nível do mar, como essas, tendem a apresentar temperaturas mais frias, devido à menor pressão atmosférica e maior distância da superfície, responsável por irradiar calor a partir do solo.

No Ceará, esse fator pode ser melhor observado em cidades da Serra da Ibiapaba, como São Benedito e Viçosa do Ceará, situadas a 901 e 685 metros acima do nível do mar, respectivamente. Com picos mínimos de 16,1°C e 16,3°C, nesta ordem, ambas figuram entre os dez menores registros do Estado no ano.

Soma de fatores leva a maior amplitude térmica em Aiuaba

Apesar de toda a influência da altitude do relevo, outros fatores podem ser ainda mais influentes sob essas temperaturas, como a distância para o mar, também chamada de continentalidade, e a atuação de massas de ar.

Esse é o caso de Aiuaba, cidade do Sertão Central e Inhamuns, que aparece cinco vezes na lista dos menores registros do ano. A mais de 400 km do mar, a cidade sofre pouca influência do oceano, que conforme explica o meteorologista Lucas Fumagalli, auxilia no controle da temperatura.

“O oceano fornece calor e umidade. As localidades mais próximas dele vão ter uma variação de temperatura menor. O oceano vai acabar diminuindo a amplitude térmica e Aiuaba é uma das regiões mais distantes do oceano que nós temos”, explica.

Junto à continentalidade, a presença de eventuais massas de ar mais secas tende a diminuir a temperatura dos municípios afetados, principalmente durante a manhã. Com menos umidade no ar, a formação de nuvens diminui e quando chega o período de menor incidência solar, como as madrugadas e início das manhãs, o calor liberado pelo solo se propaga mais facilmente na atmosfera.

Em condições contrárias a essa, como a de Fortaleza, por exemplo, que é uma cidade mais úmida, o calor, ao sair do solo, encontra o bloqueio das nuvens, que o absorve e devolve para a superfície, como explica Lucas.

“Se estivesse havendo predomínio de uma massa de ar mais úmida, isso provavelmente ia gerar mais nebulosidade, a amplitude térmica ia diminuir, a perda de irradiação da superfície terrestre também iria diminuir. Isso porque as nuvens atuam como fator limitador, porque vai segurar o calor mais próximo à superfície, impedindo que ele se propague pela atmosfera”, afirma o meteorologista.

Além dos fatores já citados, as condições climáticas de cada local, a entrada do hemisfério sul do inverno e até mesmo a posição onde os marcadores meteorológicos estão localizados podem influenciar nas temperaturas registradas.

Em sumo, todas as regiões do Estado possuem um clima predominantemente tropical, com leves mudanças de acordo com a geografia do local, que condicionam a amplitude térmica, umidade e outros fatores climatológicos.

As informações sobre localização, altitude e condições climáticas dos municípios citados nesta matéria foram coletadas no Anuário do Ceará, publicação mais antiga em circulação no Estado e atualmente realizada pela Fundação Demócrito Rocha e promovida pelo O POVO.

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