Assembleia dos professores estaduais da educação básica acaba em confusão generalizada

Educadores ficaram insatisfeitos com o sindicato da categoria (Apeoc), afirmando que órgão aceitou proposta do Governo estadual sem colocar movimento paredista em votação

A assembleia que ocorreu nesta quinta-feira, 4, para decidir sobre uma possível greve dos professores estaduais da educação básica do Ceará terminou em confusão. Educadores ficaram insatisfeitos com o sindicato da categoria (Apeoc), afirmando que órgão aceitou proposta do Governo estadual sem colocar movimento paredista em votação. Sindicato nega versão e diz que vai tomar "medidas cabíveis" contra envolvidos.

Em vídeo publicado no X (antigo Twitter), é possível ver o momento em que o presidente do sindicato, Anízio Melo, sai do encontro sob gritos dos professores presentes. Alguns chegam a atirar cadeiras e papéis contra o representante. 

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Na confusão, uma educadora ficou com um pequeno ferimento no queixo. Em publicação nas redes sociais, ela fala que a agressão física teria sido praticada "por um segurança da Apeoc". Conforme relato na rede social, professora foi até uma delegacia, onde foi aberto um Boletim de Ocorrência (BO) contra o suposto agressor. 

Mais cedo, o sindicato havia divulgado que avançou em negociações com o Governo do Estado e que irá defender para a categoria as propostas discutidas com representantes estaduais. Anízio chegou a avaliar como "positivo" os pontos discutidos na negociação, dentre eles o reajuste de 7,3% para profissionais temporários, 10% a 15% para efetivos estáveis e 12% a 17% para professores com doutorado.

O movimento da diretoria, no entanto, desagradou os professores. Conforme informações apuradas pelo O POVO, os educadores não teriam sido questionados sobre a proposta do Governo. Além disso, eles reclamam que o sindicato não colocou o movimento paredista em votação. 

Em texto enviado ao O POVO, o professor Alan Lima contesta a versão apresentada pelo sindicato. Ele afirma que durante a assembleia para deliberação da greve, "a pauta foi modificada unilateralmente" para votar a aceitação da proposta do governo, que não teria sido aceito pela categoria.

Procurado pelo O POVO, Anizio informou que "não era legalmente permitido votar greve com mesa de negociacão em andamento". Além disso, uma nota divulgada pelo sindicato frisou que assembleia foi "interrompida".

"Por fim, nos solidarizamos com todas as vítimas das absurdas e covardes agressões e afirmamos que tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis para responsabilizar cada um dos agressores. A luta continua", destaca documento.

Confira vídeo:

Veja nota do Apeoc na íntegra:

"Viemos a público nos manifestarmos acerca dos atos criminosos praticados por uma minoria truculenta composta por arruaceiros covardes e antidemocráticos, que, por meio da violência explícita, colocaram a vida de diversas pessoas em risco na Assembleia Geral da categoria, no dia de hoje (4).

A Assembleia foi deliberadamente interditada e implodida pela referida horda quando a Presidência da entidade tentava encontrar uma proposta de medição para dar continuidade à nossa luta de forma ampla e unificada.

As ameaças e truculências que ocorreram antes e durante a Assembleia, bem como o ódio manifestado no cerceamento das falas, foram práticas que culminaram com o ataque à vida e à democracia.

Nos momentos finais da Assembleia, os criminosos arremessaram diversas cadeiras e jogaram vários objetos contra as cabeças dos membros de nossa direção e demais pessoas, que estavam de costas se dirigindo à saída do Ginásio Aécio de Borba.

As cenas lamentáveis e inadmissíveis de selvageria, que circulam nas redes sociais envergonham a nobre profissão que exercemos e maculam a imagem da categoria dos profissionais do magistério perante a sociedade.

Nossa categoria não deve ser confundida com o banditismo, pois ela é majoritariamente formada por cidadãos exemplares, que exercem suas funções com excelência e fazem com que nosso estado seja destaque nacional nos índices educacionais.

Cabe destacar que a presença de sujeitos que não pertencem à categoria no local da Assembleia demonstra claramente o objetivo de um setor oportunista, que, para a construção de palanques de oposição sindical e eleitorais, não medem esforços para implodir a realização de nossas Assembleias, fato este que não é inédito.

A direção do Sindicato APEOC deixa bastante claro que a luta continua e que está mantido o estado de greve. Vamos realizar a nossa Assembleia Geral em todo o estado do Ceará, garantindo a legitimidade e a legalidade de todas as nossas ações e decisões.

Temos certeza que os maiores avanços de valorização dos profissionais da educação em rede estadual do Brasil devem continuar. Deixamos muito claro que não seremos palanque para oposição nem colchão para a situação.

Por fim, nos solidarizamos com todas as vítimas das absurdas e covardes agressões e afirmamos que tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis para responsabilizar cada um dos agressores. A luta continua. Fascistas não calarão a nossa voz!"

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