Ceará registra queda de 18% no número de bebês nascidos vivos de mães adolescentes em 2020

A taxa de adolescentes que engravidaram também caiu de 28,1% em 2019, para 23,6% em 2020. De acordo com o último censo do IBGE os adolescentes representam 20% da população no Ceará

No Ceará, dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) apontam que a quantidade de bebês que nasceram vivos de mães adolescentes no ano de 2020 foi de 16.189, e em 2019 foram registrados 19.743 nascimentos. Já a taxa de adolescentes que engravidaram foi de 23,6% em 2020, e de 28,1% em 2019. No último censo do IBGE a população de adolescentes no Estado representava uma fatia de 20% do total.

Os números fazem alusão à Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, instituída em 2019 pela Lei Federal nº 13.798. A campanha foi criada para disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuem para a redução da incidência da gravidez na adolescência.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidez na adolescência é considerada entre os 10 e menores de 20 anos. Os riscos são inúmeros e quanto mais jovem (menores de 15 anos), mais arriscada a gravidez. Dados mostram que um terço destas adolescentes voltam a engravidar dentro de 12 meses após o último parto, aumentando o risco nas gestações seguintes e comprometendo mais ainda o futuro profissional.

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“A gravidez na adolescência está associada a maiores riscos de partos prematuros, recém-nascidos com baixo peso, eclâmpsia, depressão, além de morte, tanto pela realização de abortos clandestinos como por complicações da gestação e do parto”, acrescentou a ginecologista Nathalia Posso.

Nathalia ainda comenta que a Covid-19 é uma doença intimamente ligada à imunidade e adolescentes tendem a ter hábitos de vida não saudáveis, como má alimentação e uso de drogas lícitas ou ilícitas. Além disso, a gravidez não planejada gera uma rejeição da situação por parte da gestante e seus familiares e leva a um acompanhamento pré-natal inadequado, seja por não comparecer às consultas, não realização de exames ou até mesmo não uso de suplementação vitamínica. Diante desse cenário, a associação com a Covid-19 pode levar a gestações de alto risco com complicações como nascimento prematuro, recém-nascido com baixo peso e até perda fetal.

Cenário Nacional

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 930 adolescentes e jovens dão à luz todos os dias, totalizando mais de 434,5 mil mães adolescentes por ano. O último Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, indicou que a proporção de adolescentes e jovens mulheres brasileiras de 15 a 19 anos que não estão inseridas no mercado de trabalho ou na escola é maior entre as que já tiveram filhos do que em relação às que nunca foram mães. Dados de 2013 do IBGE apontam, ainda, que apenas 28,4% das adolescentes com filhos permanecem estudando.

Redução de danos durante a gravidez na adolescência

De acordo com a obstetra Mayana Moura, em caso de suspeita de gravidez, a adolescente deve procurar assistência médica para receber a primeira avaliação e orientações. Nesta consulta serão solicitados exames (sangue e ultrassonografia) para confirmação do diagnóstico de gravidez. Tão logo a adolescente suspeite da gravidez e tenha a confirmação através dos exames, deve iniciar o acompanhamento com as consultas de pré-natal.

A obstetra explica que, além dos riscos da gravidez, a adolescente também pode apresentar baixa autoestima quando comparadas a mães não adolescentes. "As mães adolescentes têm maior risco de abandono escolar e menores índices de escolaridade", acrescenta.

Vale ressaltar que, de acordo com o ECA, a adolescente gestante, ao se tornar mãe, não perde seus direitos como adolescente. De acordo com a Lei Federal 6.202/75, após o oitavo mês da gravidez e durante o período da licença-maternidade, a jovem tem o direito de continuar estudando em casa, enquanto concilia os cuidados com o bebê.

"A melhor maneira de reduzir os danos de uma gestação na adolescência é investir em educação sexual, proporcionando informações sobre seu corpo e sua saúde e fornecendo acesso a métodos contraceptivos seguros e eficazes", concluiu Mayana.

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