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Sem previsão sobre reabertura, proprietários de bares estão apreensivos

Em ofício enviado ao Governo Estadual, a Abrasel pede que a abertura dos bares seja incluída no próximo decreto, a entrar em vigor na próxima segunda-feira, 3
13:49 | Jul. 30, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) destaca apreensão entre empresários diante da falta de previsão para reabertura das atividades em bares de Fortaleza. De acordo com a Associação, desde que houve a liberação para o funcionamento dos restaurante até as 23 horas, o Governo do Ceará não se pronuncia ou dialoga com a Associação. Em ofício enviado para a gestão estadual, a Abrasel pede que os bares sejam incluídos no próximo decreto, com previsão de entrar em vigor já na segunda-feira, 3.

O coordenador do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e secretário-executivo do Planejamento e Gestão do Estado, Flávio Ataliba, informou que setores como bares, eventos, entretenimento e aulas presenciais seguem sem previsão de reabertura. O desafio, segundo ele, é encontrar mecanismos que viabilizem esse retorno gradativo sem comprometer os avanços já obtidos no enfrentamento à pandemia. 

Para o diretor-executivo da Abrasel, Taiene Righetto, a falta de previsibilidade é o que tem deixado os empresários mais apreensivos. Ele conta que desde a terceira fase do plano de retomada, a categoria está preparada com todas as medidas de protocolo, para retornar às atividades. “A gente vinha em bom diálogo, e agora acabou. O Governo tem tomado decisões e não dá retorno para a gente. O maior problema que estamos enfrentando agora é justamente a falta de previsibilidade e entendimento”, comenta.

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Ele acredita que os bares estão sendo discriminados sem explicações por parte da gestão estadual. “Estamos há quase cinco meses fechados. A palavra que eu queria externar agora é essa, de muita tristeza sobre essa postura do Governo frente a pequenos empresários que movimentam a economia de Fortaleza”, diz ele. Segundo Taiene, essa falta de diálogo prejudica até mesmo o cumprimento do Decreto por parte dos empreendedores.

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Ele conta que os empresários de restaurantes foram surpreendidos no último sábado, 25, por determinações do Decreto que proíbem transmissão de jogos de futebol e lives no interior de restaurantes. A entidade, segundo o diretor-executivo, não havia sido informada previamente sobre essa medida. “Fomos pegos de surpresa. Embora a gente não concorde, vamos cumprir o Decreto, com certeza. E se tivessem informado [antes], teríamos avisado aos empresários”, salienta Taiene Righetto.

Reabertura dos bares pode ajudar a disciplinar a população, diz Abrasel

Em ofício enviado ao Governo do Ceará, a Abrasel, entidade representativa dos negócios de Alimentação Fora do Lar (bares, restaurantes, barracas de praia, buffets, casas noturnas, lanchonetes, cafeterias e afins), destaca que a abertura dos bares pode ajudar a conter aglomerações em Fortaleza. No documento, a entidade argumenta que a limitação de abertura para apenas restaurantes, num curto período noturno, faz com que poucos estabelecimentos estejam disponíveis para a quantidade de clientes potenciais.

“Com a reabertura de bares até as 23 horas, podemos dar mais opções à população, descentralizando a frequência de saída da população nos mesmos locais”, diz trecho do documento. “Fato hoje que temos sido impedidos de realizar e jogando essa responsabilidade à informalidade e expondo a população em grandes riscos de contaminação”, continua a Abrasel em Ofício.

Segundo a entidade, sem essa opção, são observadas aglomerações em outros setores, como praias; ou condomínios particulares, onde as pessoas se reúnem, fora do alcance das fiscalizações. “Se os bares estivessem abertos, conseguiriam pulverizar melhor esse público, sem deixá-los em um só lugar. E com os protocolos, a gente pode ajudar a disciplinar a população”, pondera Taiene Righetto. Entre os protocolos citados pelo diretor-executivo da Abrasel, estão a limitação de pessoas dentro dos estabelecimentos, o distanciamento de dois metros entre as mesas, e a ocupação de duas pessoas em cada mesa.

O POVO entrou em contato com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) para buscar mais informações sobre a possibilidade dos bares serem incluídos no próximo decreto de retomada das atividades econômicas. Em resposta, a Seplag reforçou que não há previsão para isso. Também não houve pronunciamento sobre a falta de diálogo informada pela Abrasel. A Secretaria também não se posicionou sobre o ofício enviado pela Associação.

Abrasel orienta proprietários de bares a cumprirem o decreto

Apesar de não concordar com a postura do Governo Estadual, que segue adiando o retorno das atividades dos bares, sem previsão de inclusão no Plano de Retomada, a Abrasel orienta que os empresários cumpram as determinações. “Independentemente da gente não concordar com a postura ou com o decreto, temos que cumprir. Nunca vamos apoiar abertura fora da lei, porque isso vai ter consequências”, frisa.

De acordo com o diretor-executivo Taiene Righetto, mesmo aqueles setores que já têm permissão de funcionamento - sobretudo em cidades interioranas - devem permanecer atentos aos protocolos sanitários. “Nossa orientação é que sigam os protocolos do Governo do Estado, porque são muito bons. A gente tem que reabrir adaptados ao momento que estamos vivendo e tomar cuidado sempre com nossos clientes e colaboradores; a saúde é em primeiro lugar”, finaliza.

Leia a íntegra do ofício da Abrasel enviado ao Governo do Estado:

"Entendemos que os bares e restaurantes estão preparados e vem cumprindo com disciplina todos os protocolos, funcionando com distanciamento social e todos os EPIS necessários para garantir a segurança de clientes e colaboradores. Com a decisão de não reabertura de bares de forma parcial até as 23 horas, temos visto muitas aglomerações em praias, ambulantes, bares que nem CNPJ possuem, muitas festas em condomínios particulares a fim de assistirem jogos de futebol e lives gerando grandes aglomerações fora do alcance das fiscalizações. Fora isso, a limitação de abertura só a restaurantes num curto período noturno, faz com que se disponha poucos estabelecimentos por quantidade de potenciais clientes.

Com a reabertura de bares até as 23 horas, podemos dar mais opções a população, descentralizando a frequência de saída da população nos mesmos locais e pulverizando essa população num maior número de estabelecimentos, diminuindo muito o risco de aglomerações bem como poderemos exercer o papel de educar a sociedade nas medias de prevenção, fato hoje que temos sido impedidos de realizar e jogando essa responsabilidade a informalidade e expondo a população em grandes riscos de contaminação.

Diante do exposto acima pedimos urgentemente o diálogo e a sensibilização do Governo do Estado, para que não sejamos vistos como mais uma peça do xadrez e sim trabalhadores e pais de família responsáveis, que querem trabalhar com segurança e em parceria com o poder público.

Pedimos que sejamos incluídos no próximo decreto do governo do estado, sendo liberado o funcionamento de bares até as 23 horas, com todo protocolo exigido sendo cumprido à risca".

 

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