Participamos do

MP pede veto de gastos publicitários do Governo do Ceará por obra inacabada de escola pública

A ação propõe também que o Estado pague "indenização pelo dano moral coletivo", no valor mínimo de R$ 100 mil
18:12 | Jul. 01, 2020
Autor Gabriela Almeida
Foto do autor
Gabriela Almeida Repórter O POVO
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

O Ministério Público do Ceará (MPCE) propôs, nessa terça-feira, 30, uma Ação Civil Pública (ACP) que pede o veto de gastos com publicidade e propaganda do Governo do Ceará até que a escola estadual do distrito de Curupira, no município de Ocara, tenha a construção concluída. A obra, que se encontra em cerca de 90% finalizada, parou há mais de um ano e os órgãos responsáveis já chegaram a ser notificados e multados. A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que "rescindiu o contrato por descumprimento pela empresa contratada" e que as obras estão em fase de contratação.

De acordo com informações divulgadas pelo MPCE, a ação visa a retomada imediata da obra e solicita que, enquanto ela não for terminada, o Estado pare de realizar contratos, procedimentos licitatórios ou demais ações relacionadas a eventos culturais, artísticos e a despesas publicitárias.

Fica de fora da condição apenas os gastos relacionados a trabalhos cujo foco seja comprovadamente a pandemia do novo coronavírus. Além do pedido de veto de gastos, a ação propõe que o Estado pague “indenização pelo dano moral coletivo”, no valor mínimo de R$ 100 mil.

O MPCE acompanha o processo de abandono da obra desde o ano passado, conforme informa o promotor de Justiça, Antônio Forte de Souza Júnior, titular da Promotoria de Justiça de Ocara. Em entrevista ao O POVO na última segunda-feira, 29, o promotor apontou que escola está quase concluída, mas, por causa da paralisação da construção, ela acumula mato, sujeira e outros resquícios de desgaste.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Antônio também afirmou que os alunos estão há mais de um ano sendo prejudicados pois, na ausência de uma escola próxima, eles precisam pegar conduções para se deslocarem a uma instituição estadual distante.

Responsáveis já foram acionados

Em outubro de 2019, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e a Superintendência de Obras Públicas do Estado (SOP), responsáveis pelas obras, foram notificadas pelo MPCE para que retomassem com o projeto imediatamente. Na ocasião, o promotor Antônio Forte contou ao O POVO que se reuniu com a secretaria da Educação e que a pasta havia garantido que as obras findariam até o início deste ano.

Até a última segunda-feira, no entanto, quase um ano após o ocorrido, a construção da escola não havia sido retomada e o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE) aplicou multas, concluindo omissão quanto à responsabilidade da obra.

A ação judicial do MPCE veio dois dias após a multa do TCE, como mais um procedimento realizado para que as obras sejam concluídas. A medida é tomada após o estabelecimento de um Inquérito Civil Público, que constatou a “necessidade e o prejuízo que a ausência da Unidade Escolar Estadual de Curupira vem causando à população da localidade” e de adjacências.

A Seduc, procurada pelo O POVO na última segunda, afirmou em nota que "rescindiu o contrato por descumprimento pela empresa contratada" e que as obras estão em fase de contratação, alegando que, após publicação do contrato, o documento seria enviado à SOP para que "seja emitida a ordem de serviço" e, com isso, a obra seria reiniciada. "A Seduc adotou todas as providências necessárias, inclusive a realização de um novo certame licitatório, buscando a imediata finalização do objeto. Esse processo foi concluído e agora se encontra em fase de contratação", explicou em nota.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar