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Para professor, periferia está sendo alvo eliminação e genocídio seja pela Covid seja pelos homicídios

Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas Conflitualidade e Violência (Covio) da Uece, o professor Geovane Jacó considera uma tragédia dentro de uma pandemia o Ceará ser o Estado que concentra o impulsionamento dos homicídios no País
14:37 | Abr. 29, 2020
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia

A população do Ceará, sobretudo moradores dos bairros da periferia de Fortaleza, vive em uma trágica dupla exposição: ao passo que é alvo de mortes ocasionadas pela pandemia do coronavírus, o maior número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) também se concentra nesses locais. “Podemos fechar abril com praticamente 400 homicídios. Não é que a Polícia não esteja nas ruas, mas existe uma sensação da impunidade. Há a falta de visibilidade e de repercussão das mortes”, pontua o professor do curso de Sociologia da Universidade Estadual do Ceará, Geovani Jacó. 

Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas Conflitualidade e Violência (Covio), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Geovani Jacó acredita que o crime organizado e a estrutura dele nas comunidades estão agindo com certeza de que passarão impune a essas mortes. O que se revela como algo surpreendente para o professor é que o Ceará era um dos estados com que estava no ranking de decréscimo da violência e, a partir de janeiro, passa a se colocar com a certeza de permissividade e impunidade com a liderança desses números.

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A influência da pandemia no aumento da violência e do número de homicídios, para o pesquisador, são fatores distintos e por motivações diferentes, “embora não estejam totalmente isoladas”. “Não podemos afirmar que o isolamento social é causa do aumento da criminalidade. Até porque essa incidência do aumento de mortes não está se dando nas regiões da Cidade onde existe um maior cumprimento do isolamento”, aponta ele, referindo-se aos bairros de classe média alta, como Aldeota e Meireles. O que estamos vendo é um aumento dos homicídios, segundo Jacó, nos bairros de periferia e da Região Metropolitana, onde existem a menor adesão ao distanciamento.

O professor faz uma análise de que é justamente uma associação entre a prioridade do Estado na política voltada com a proteção da pandemia com o acesso a menor à políticas sociais de saúde, moradia, acesso à educação que existe a invasão de conflitos e práticas violentas. “A criminalidade tem matado tanto ou mais que o Covid no Ceará”, lembra. O Ceará pode puxar a maior escalada do País em violência durante o ano no País. “Uma população que vive numa situação precária, com vínculos de trabalho precários devido à falta de mercado e de circulação de comércio e de serviços naturalmente se cria uma situação de extrema vulnerabilidade de desemprego e de quase ausência de rede de assistência”, avisa. Esse fato não é a causa direta do aumento da violência, ainda de acordo com o professor, quando se tem políticas públicas de mitigação desses efeito da pandemia.

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