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Oito praias cearenses ainda têm vestígios de óleo, segundo o Ibama

O óleo voltou a aparecer na costa cearense no último dia 30, sendo que, desde outubro, não havia novas ocorrências
13:00 | Jan. 10, 2020
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

Novo relatório sobre praias atingidas por manchas de óleo foi divulgado nessa quarta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O documento mostra oito localidades em seis municípios do Ceará ainda com vestígios de óleo. Nenhuma, porém, tem grandes manchas. Ou seja, para o Ibama, estão abaixo dos 10% de contaminação.

Entre 3 e 8 de janeiro, constam como tendo vestígios de óleo as praias de Almofala (Itarema), Pontal de Maceió (Fortim), Lagoinha (Paraipaba), Cumbuco (Caucaia), Caetanos (Itapipoca) e Icaraí de Amontada, Moitas e Caetanos (Amontada). As vistorias em campo são realizadas pelo Ibama, ICMBio, Marinha, Defesa Civil, prefeituras e instituições parceiras.

Os trechos apontados como oleados nas praias de Pontal de Maceió, Lagoinha e Cumbuco, contudo, não foram revisitados em janeiro. Cumbuco, em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza) consta como não oleada em dois trechos e como “Oleada - Vestígios / Esparsos” em outra data de observação, em novembro. Deve ser considerado o conceito de localidade do mapa: cada trecho de 1km ao longo da costa. Portanto, uma praia com uma faixa de areia com 10km possui 10 localidades.

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Litoral cearense entre 3 e 8 de janeiro
Litoral cearense entre 3 e 8 de janeiro (Foto: DIVULGAÇÃO/IBAMA)

O óleo voltou a aparecer na costa cearense no último dia 30, sendo que, desde outubro, não havia novas ocorrências. O Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo e Ibama, anunciou que a limpeza havia sido concluída ainda nos primeiros dias deste mês.

Ozilea Bezerra de Menezes, diretora do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar/UFC), explica que é improvável que as novas ocorrências de óleo nas praias sejam decorrentes de novos vazamentos.

“Neste derrame, que foi de um óleo pesado e já passou por vários processos, como a sedimentação, acredito que ele tenha se depositado no fundo do mar. Acredito que os processos oceanográficos ressuspenderam o óleo que já estava depositado lá”, explica. Esses processos podem envolver as marés, hidrodinamismo, ventos e outros fatores meteorológicos.

A especialista explica que o volume do óleo pode até aumentar, pela emulsificação- mistura com a água. Os demais são a evaporação, dispersão, dissolução, floculação, dentre outros. “As causas mais conhecidas de vazamento de óleo no mar podem ser agrupadas em 1) operação: descarga e abastecimento de óleo, normalmente localizado nos terminais e portos; ou 2) acidentes: colisão de embarcação ou encalhe do barco”, resume.

Conforme o professor de Oceanografia do Labomar, Luís Ernesto Arruda, desde os plânctons, que produzem oxigênio, a complexa fauna marinha é prejudicada com o desastre no oceano. Espécies pescadas podem ter número reduzido, porque perdem alimentos como crustáceos, corais e moluscos. Até larvas e ovos sofrem efeitos. Daí, os prejuízos econômico-ambientais, além da perda de diversidade.

“O impacto à cadeia trófica pode ser percebido a longo prazo. Quando afeta qualquer nível, todo ele tende a colapsar, e alguma espécie invasora ou oportunista pode entrar. Espécies maiores, como botos, golfinhos, tartarugas e tubarões, podem ter população ainda mais reduzida. Algumas estão ameaçadas de extinção”, resume.

Leia ainda: Óleo pode causar danos a longo prazo na organização do ambiente marinho e de manguezais

Até o fim de dezembro, mais de 5 mil toneladas de resíduos oleosos já haviam sido recolhidas no litoral das regiões Nordeste e Sudeste. Além do óleo, também são contabilizados resíduos oleados como areia e lonas. Foram pelo menos 130 municípios atingidos, no Brasil.

O Governo do Ceará, baseado no monitoramento feito pela Marinha e Ibama, confirmou na semana passada que já não havia manchas nas áreas de praia e manguezais. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e a Superintendência do Meio Ambiente do Estado (Semace), contactadas nessa quarta, não atualizaram as informações, direcionando ao GAA.

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