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Artistas realizam protesto no Theatro José de Alencar

Diversos artistas e produtores culturais se reúnem em forma de protesto durante toda a sexta, 26, no TJA
23:29 | Abr. 26, 2019
Autor O Povo
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Tipo Notícia

“Motim, um ato explícito de desobediência” é o nome do protesto que acontece durante toda a sexta, 26, no Theatro José de Alencar, mais histórico teatro da Capital, localizado no Centro da Cidade. Organizado por trabalhadores da cultura, o ato tem objetivo de reivindicar melhorias para a categoria, mostrar a importância da arte para a sociedade e reafirmar oposição contra o atual governo de Bolsonaro.

A diretora de teatro Herê Aquino, uma das organizadoras do protesto, conta que a ação surgiu como consequência do sentimento de indignação com a atual situação de desmonte do País. A Lei Rouanet, que não terá mais esse nome a partir da mudanças anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana, teve sua “reforma” considerada irresponsável por ela, que ainda ressalta o descaso com as políticas públicas voltadas para a área da Cultura.

Para Herê, o dia 26 é só o começo de sucessivas intervenções do grupo, que lotou o TJA com uma programação diversificada. Eles já tinham lançado um manifesto pela manhã, assinado por mais de 40 artistas e coletivos, que levariam voluntariamente suas artes para o teatro. “A gente tá reivindicando esse espaço da cultura, a volta do Ministério da Cultura e a reafirmação de todos os direitos dos trabalhadores dessa área”, explicou.

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Artistas realizam protesto no Theatro José de Alencar
Artistas realizam protesto no Theatro José de Alencar (Foto: Lucas Albano/Especial para O POVO Online)

Aline Albuquerque, artista visual que se apresentava na manhã, realiza um trabalho expondo, em diversos espaços, plaquinhas com frases de protesto. A iniciativa começou com as manifestações de 2013 e se consolidou com o impeachment da ex-presidente Dilma. Para Aline, a arte é forte ferramenta para o ativismo e acha muito significativo e maravilhoso o Theatro José de Alencar, com sua estrutura secular, receber o protesto. As apresentações no teatro eram simultâneas, o que demonstra o caráter de união do protesto. “Essas ocasiões nos fortalecem, pois muitas vezes os artistas não se conhecem. O que pode vir daqui é uma força para outros encontros como esses. A cidade é de todo mundo, o Brasil é de todo mundo”, manifesta.

Para além de mobilizar artistas e trabalhadores culturais, o propósito maior do Motim é sensibilizar a sociedade para as questões expostas. Para quem passava pelos arredores do teatro, era difícil não ouvir as manifestações. A auxiliar de serviços gerais Maria da Penha, 56 anos, foi uma das pessoas atraídas pela movimentação. “Eu ia passando e vi uma moça bonita e um rapaz limpando a calçada na chuva [era uma performance]. Todo mundo passando e a moça apresentando uma peça, pensei que fosse alguma coisa do teatro”, conta.

Maria da Penha nunca havia ido a nenhum teatro. Emocionada, contou que aquele momento era um diversão, já que sua rotina é “do trabalho para casa”. Ela e sua neta acompanhavam com atenção tudo que estava acontecendo. A auxiliar de serviços logo percebeu como aquele momento era também político, relatando com tristeza sua visão sobre a situação atual do País. “Ninguém tá vendo nada de futuro pra ninguém sobre essa Previdência, sobre essa aposentadoria do povo, sobre esse negócio de armamento, morte, polícia”, desabafa.

A programação do Motim segue por toda a sexta-feira e pode ser encontrada na página oficial do Theatro José de Alencar no Facebook.

GABRIELA FEITOSA E LUCAS ALBANO / ESPECIAL PARA O POVO

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