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Registro no número de casos de meningite no Ceará não indica epidemia, diz especialista

Vacina disponível nos postos de saúde garantem imunização satisfatória
16:49 | Mar. 18, 2019
Autor O Povo
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Tipo Notícia

Os 44 casos confirmados e os dois óbitos registrados em decorrência de meningite, no Ceará, não são suficientes para indicar uma epidemia da doença, afirma o presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, Guilherme Henn. O balanço numérico é da planilha de notificação semanal de doenças compulsórias, publicada na última sexta,15, referente até 9 de março, pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Em 2018, 401 indivíduos foram diagnosticados com a enfermidade.

“Até o momento, a gente não tem dados que indiquem uma epidemia de meningite. O que a gente tem é um aumento dos casos que é típico para começo de ano. Aqui no Ceará, a gente tem aumento nos casos de todas as doenças que têm transição por vias respiratórias ― meningites, varicelas, influenzas e outras. Todo começo de ano, a gente tem mais meningite do que no resto do ano”, reflete Guilherme em entrevista ao programa O POVO no Rádio, na Rádio O POVO/CBN.

De acordo com Henn, os casos mais comuns de meningite bacterianas são a meningocócica C , responsável por pelo menos 60% dos casos no Estado. Para prevenir infecções do tipo, as vacinas estão disponíveis nas unidades básicas de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, pais e responsáveis têm procurado clínicas particulares, por medo, para receberem imunização contra a doença.

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O sorogrupo B da meningite meningocócica representa risco menor à população. Apesar da possibilidade, não é possível encontrar vacinas contra o tipo disponível nos postos de saúde públicos. Por outro lado, é possível comprá-los em clínicas particulares, mas os preços chegam a pelo menos R$ 1.200. Para Henn, quem tem condição de se imunizar em clínicas particulares, deve fazê-lo. No entanto, o especialista destaca que a vacina disponível nos postos de saúde garantem imunização considerável contra a doença.

A doença

Mesmo quando a meningite é diagnosticada precocemente e um tratamento adequado é iniciado, entre 5% e 10% dos pacientes não sobrevivem e acabam morrendo, normalmente, 24 ou 48 horas após o surgimento dos primeiros sintomas. Sem tratamento, até 50% dos casos podem resultar em óbito.

No ano passado, o Ceará teve 401 casos confirmados da doença, o que apresenta uma taxa de incidência de 4,5 casos por cada grupo de 100 mil habitantes, com 37 mortes registradas.

Entre 2010 e 2018, houve 4.573 casos notificados e destes 3.405 (74,5%) foram confirmados para meningite no Estado. A faixa etária mais acometida pela doença foi a de 20 a 39 anos (28,3%).

Prevenção

A doença é prevenível. E a melhor forma de se proteger é manter a caderneta de vacinação em dia. Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, há quatro vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) que protegem contra a meningite: BCG, Pentavalente, Pneumocócica 10 valente e Meningocócica C. Além da vacinação, seguir algumas medidas básicas ajudam a prevenir a doença, como lavar bem as mãos, principalmente antes de preparar alimentos.

“A vacinação é a melhor forma de prevenção. Se o indivíduo é vacinado se protege e ainda protege outras pessoas, pois não se torna portador da doença e não transmite”, afirma Robério Leite, infectologista pediátrico do Hospital São José (HSJ), do Governo do Ceará.

Sintomas

A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem o cérebro. Pode ser causada por fungo e vírus, geralmente em casos menos graves. Também pode ser transmitida por bactéria, que apresenta quadros mais graves e com maior risco de óbito ou sequelas, como convulsões, surdez, perda de memória, falência nos rins, AVC e outros danos cerebrais.

Os principais sintomas são febre alta repentina, dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço e vômito. Também podem aparecer convulsões, sonolência, fotossensibilidade, falta de apetite e manchas roxas ou rachaduras na pele. Bebês recém-nascidos podem apresentar ainda moleira elevada e inquietação.

A doença pode evoluir rapidamente, principalmente entre crianças e adolescentes. A transmissão ocorre por meio de secreções respiratórias e da saliva. “Nesse período do ano é bom evitar aglomerações em ambientes fechados, pois o risco de transmissão aumenta por conta do contato mais próximo”, reforça o infectologista Robério Leite.

Ao surgirem os primeiros sintomas, deve-se procurar o posto de saúde mais próximo. Confirmada a doença, o paciente é encaminhado para uma unidade hospitalar de referência.

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