Participamos do

Quarta-feira de Cinzas de Mungunzá e Bacalhau do Batata em Olinda

09:56 | Mar. 01, 2017
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Quarta-feira de Cinzas, Olinda, é dia dos resistentes que não querem se despedir do carnaval. E só mesmo com uma comida reforçada para aguentar a brincadeira depois de quatro dias de folia em Pernambuco. O tradicional Mungunzá de Thais e Zuza Miranda distribui a iguaria de graça no Alto da Sé, em Olinda, desde 7h de hoje, 1º, e prepara o povo para o Bacalhau do Batata, bloco dos mais populares deste fim dos festejos de Momo.

O mungunzá, conhecido nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil como canjica, é uma comida doce, feita com milho, leite de coco, açúcar, erva-doce, canela e cravo. O músico Zuza Miranda e sua esposa Thaís fazem a distribuição há 22 anos em frente à Igreja da Sé. O casal chegou cedo, às 5h, e por volta de 7h começou a servir a deliciosa iguaria. Tudo ao som de uma orquestra de frevo e animado por passistas e bonecos gigantes.

"O mungunzá dá força e energia. O pessoal no carnaval já toma muita birita, cachaça, cerveja, e a quarta ainda tem muito bloco, até a meia-noite. Então tem que ter força, e o mungunzá está aí, é nossa paixão", diz o músico. Segundo Zuza, a ideia surgiu para ajudar os foliões a aguentar a espera pelo Bacalhau do Batata, bloco criado pelo garçom Izaías Pereira da Silva para que os trabalhadores do carnaval, como ele, pudessem fazer seu dia de brincadeira.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

"Sou músico há 42 anos e toco durante todo o carnaval, e aqui na concentração do Bacalhau o povo chegava cedo e ficava dormindo na frente da Igreja da Sé. Aí resolvi fazer uma brincadeira, fiz um arrastão do polo onde eu tocava até aqui e botei a orquestra, os bonecos e trouxe uma panela só de mungunzá". A escolha pelo prato veio da avó do artista, que fazia a iguaria para recuperar a família foliã.

E essa brincadeira ficou popular. Este ano eles trouxeram 2 mil litros de mungunzá, ques calculam para 5 mil pessoas. O público é formado por trabalhadores do carnaval e foliões que ainda estão acordadas pulando desde o encerramento do carnaval do Recife e até pessoas em situação de rua que aproveitam para fazer o café da manhã na folia.

Para cuidar dos foliões, o autônomo Rogério de Melo Sales, de 54 anos, se fantasiou de médico para o Mungunzá. Mas já estava no fim do plantão carnavalesco, que começou no Recife Antigo na noite anterior. "Nessas ladeiras de Olinda o batimento cardíaco fica muito acelerado e, como sou cardiologista, vou ajudar os foliões", disse.
Urbano Dias, de 41 anos, estava de taxista, mas não era fantasia, ele trabalha na Quarta-feira de Cinzas e foi ao Mungunzá para fazer o café da manhã. "Meu carnaval vai ser depois com a família, descansando. Tem que trabalhar para pagar as dívidas".

Já José Philipe de Lima Neto faz jus à tradição do Bacalhau do Batata. Trabalha como garçom durante a folia e na quarta sai fantasiado de garçom para homenagear o criador do bloco. "Se não fosse ele eu só trabalhava os dias de carnaval", afirma. O dia de José começou no Mungunzá e só vai terminar na dispersão do Batata. O desfile do bloco começa, às 10h, no Alto da Sé.

 

Agência Brasil

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente