Bolo envenenado: Sogra diz que sacou dinheiro da conta do filho e nora após suspeitas de "algo errado"

Bolo envenenado: Sogra diz que sacou dinheiro da conta do filho e nora após suspeitas de "algo errado"

Zeli dos Anjos confessou ter sacado R$ 400 da conta conjunta do filho após suspeitas. A nora, Deise dos Anjos, é acusada de envenenar um bolo de Natal com arsênio que resultou na morte de três pessoas

Em depoimento à Polícia, Zeli dos Anjos, sogra de Deise dos Anjos, confessou ter sacado R$ 400 de uma conta conjunta do filho, Diego dos Anjos, com a nora. A sogra relatou ter desconfiado das finanças do casal e queria verificar se eles monitoravam o dinheiro. Deise é acusada de envenenar um bolo de Natal com arsênio, causando a morte de três pessoas em Torres (RS).

O depoimento de Zeli dos Anjos adiciona novos contornos ao caso que chocou o Brasil no fim do ano passado. Em 23 de dezembro, sete membros da mesma família se encontraram em casa para um café da tarde, quando começaram a se sentir mal após consumir um bolo. Três pessoas morreram.

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Segundo a polícia, a sogra era o principal alvo do crime devido a desavenças familiares. No depoimento, Zeli afirmou ter achado estranho o comportamento financeiro do casal, pois eles haviam comprado "uma casa, um carro novo e feito outros gastos".

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“Em virtude disso, pegou o cartão de Diego, pois tinha a senha, e sem ele saber, constatou que havia R$ 21 mil em conta corrente conjunta que ele tinha com a Deise”, diz o depoimento.

Segundo o relato da mulher, para testar se o casal controlava o dinheiro que movimentava, ela realizou um saque no valor de R$ 400.

“Devolveu no dia seguinte e alegou a Diego que havia precisado do dinheiro. Sacou somente para saber se eles tinham controle sobre o dinheiro que estava entrando, pois se estivessem fazendo algo errado, não saberiam que havia realizado o saque”, consta no relato.

A sogra, que sobreviveu ao envenenamento, relatou em depoimento que recebeu a visita de Deise no hospital, antes da prisão da nora. Durante essa visita, Deise mencionou, pela primeira vez, a origem do dinheiro que Zeli havia descoberto na conta conjunta do casal.

“Somente agora, na cama do hospital, em Torres, a Deise disse que aquele dinheiro foi utilizado há 20 anos para fazer a obra e comprar mobília e que seria oriundo do patrão dela na época que trabalhava como auxiliadora predial”, afirmou Zeli.

A sogra contou que, após o ocorrido, “Deise sempre relembrava esse assunto do dinheiro, que percebeu que ela tinha ciúmes doentio, pois copiava seu jeito de vestir, de se arrumar”.

Zeli também fez acusações diretas sobre a personalidade da nora. “Afirma com certeza que Deise é dissimulada e manipuladora”, diz o relato. 

Deise está presa desde o dia 5 de janeiro, acusada de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio.

Relembre o caso

O caso do bolo envenenado com arsênio ganhou grande repercussão após a morte de três mulheres e o envenenamento de outras duas pessoas durante uma confraternização familiar na véspera de Natal de 2024, em Torres.

As vítimas fatais foram Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice da Silva, irmãs da sogra de Deise, e Tatiana Denize, sobrinha da sogra. Já Zeli dos Anjos, sogra de Deise, também foi envenenada, mas sobreviveu, assim como um sobrinho-neto.

A investigação revelou ainda que esse não foi o único caso suspeito envolvendo arsênio. A Polícia confirmou que Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, havia morrido três meses antes do incidente do bolo, também vítima de envenenamento por arsênio. Deise é suspeita de tê-lo envenenado ao adicionar a substância ao leite em pó consumido por ele.

Preparo do Bolo

O bolo foi preparado pela própria sogra de Deise. No depoimento, Zeli detalhou o passo a passo do preparo do bolo. Segundo ela, utilizou apenas os ingredientes que já tinha em casa. “Utilizou a farinha que estava embaixo da pia, passas pretas e frutas cristalizadas”, relatou.

No entanto, admitiu que esqueceu de adicionar um ingrediente essencial. “Esqueceu de colocar fermento no bolo”. O glacê, segundo seu relato, foi feito de maneira simples. “Foi feito com o açúcar que tinha em casa”. Durante o preparo, Zeli afirmou que “não experimentou a massa do bolo, nem sentiu odor diferente”.

Apesar disso, disse ter notado algo incomum na farinha utilizada. “Achou a farinha estranha”, afirmou. Para tentar melhorar sua textura, decidiu peneirá-la, mas atribuiu a aparência incomum à qualidade do produto.

A sogra explicou que pensou que a farinha era de baixa qualidade, pois se tratava de uma doação para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul e de uma marca desconhecida.

Polícia segue investigando o caso, incluindo a possibilidade de outras vítimas de envenenamento por parte de Deise. Todas as mortes por intoxicação dentro de seu círculo de convivência estão sob apuração.
Além das vítimas já identificadas, há suspeitas de que o pai de Deise, José Lori da Silveira Moura, que faleceu em 2020, também possa ter sido envenenado por ela.

A investigação se estende ainda ao próprio núcleo familiar de Deise. Exames de urina realizados em seu marido e filho detectaram a presença de arsênio, levantando a hipótese de que eles também tenham sido envenenados.

Suspeita de envenenar bolo tinha instabilidade emocional, diz marido

No depoimento à polícia, Diego dos Anjos, marido de Deise e filho de Zeli, relatou episódios de instabilidade emocional da esposa. “Deise sempre foi briguenta, se irritando constantemente com situações pequenas com as outras pessoas”, afirmou. Ele também destacou o comportamento impulsivo da mulher. “Deise vai do 8 ao 80 muito rápido”, disse aos policiais.

Diego mencionou um desentendimento específico ocorrido no dia 21 de novembro de 2024, quando Deise queria que sua sogra, Zeli, passasse o Natal com eles (ela, o marido e o filho), enquanto Zeli preferia celebrar a data com suas irmãs.

Diante da discussão, Diego decidiu sair de casa e foi para a residência da mãe, em Canoas, retornando apenas no dia 25 de novembro para Nova Santa Rita. Durante o conflito, houve um momento de tensão. “Neste desentendimento, de fato, segurou Deise pelos braços, pois estava jogando as roupas no depoente”, consta no relato.

Apesar de toda a situação e das suspeitas em torno do caso, Diego declarou à polícia que não acredita que sua esposa tenha envenenado a farinha usada no bolo.

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