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Líder indígena ganha prótese 24 anos após perder perna enquanto caçava

Fernando Awaryafan perdeu o membro, há 24 anos, quando foi baleado acidentalmente por ele mesmo ao levar choque de um peixe-elétrico. Fernando conta que saiu para recolher castanhas com a família e durante à noite decidiu caçar "paca", uma espécie de roedor
09:47 | Dez. 03, 2020
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O líder indígena Fernando Awaryafan ganhou uma prótese 24 anos após perder a perna enquanto caçava. Ele saiu do Amazonas com destino a Sorocaba, no interior de São Paulo, cerca de 3,5 mil quilômetros de distância, para realizar o sonho de conseguir a prótese. O cacique, de 55 anos, teve a perna direita amputada em 1996.

Fernando contou ao portal de notícias G1 que mora na aldeia Cupiúba e faz parte do grupo Xeréu, que vive na divisa do Amazonas com o Pará (PA), na área indígena Nhamundá-Mapuera, e que a viagem até o interior de SP durou três dias, com chegada em 25 de novembro. Ele fica na cidade alguns dias para adaptação.

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O indígena perdeu o membro, há 24 anos, quando foi baleado acidentalmente por ele mesmo ao levar choque de um peixe-elétrico. Fernando conta que saiu para recolher castanhas com a família e durante à noite decidiu caçar "paca", uma espécie de roedor.

Exaltado ao relembrar o fato, Fernando usou muitos gestos para contar sobre o acidente. Ele estava em um bote de alumínio remando pelo Rio Nhamundá, quando viu o peixe-elétrico, conhecido como poraquê. "Eu peguei a espingarda e o paca correu. Estava remando ao lado quando o poraquê deu um choque no meu bote e disparou a espingarda. Os tiros atingiram minha perna direita", relata Fernando.

Como aconteceu

 

O cacique lembra que remou por horas e viu o sol nascer, chegando na aldeia no período da tarde.

Fernando, então, tentou comunicação com a Fundação Nacional do Índio (Funai), mas a bateria do rádio descarregou após várias tentativas de contato sem sucesso. "Eu comunicava para Manaus. Fiquei com muita raiva e falei para o coordenador regional que o funcionário escutava música, não ouvia meu chamado e assim a bateria ficou fraca", diz.

De acordo com Fernando, ele conseguiu atendimento médico em Parintins (AM), porém, deixou os documentos de identidade na aldeia. A bala foi retirada da perna seis dias depois. "Me levaram lá e cortaram [a perna]. Fizeram ponto e quando o médico estava me carregando, me jogou longe e eu não gostei. Falei para ele que não é assim que tinha que ser. Eu fiquei 28 dias internado."

"Estou muito alegre"

 

Uma organização sem fins lucrativos conheceu a história de Fernando e entrou em contato com uma empresa de Sorocaba que fabrica próteses. Em uma parceria com a Funai, o cacique conseguiu a viagem até Sorocaba e a prótese que tanto esperou. "Está quase pertinho já. Vão colocar uma peça [molde] e vou treinar os passos um pouquinho. Eu estou muito alegre com os amigos que vão me ajudar. Vou conseguir voltar a caçar", afirma Fernando.

De acordo com o empresário Nelson Nolé, a prótese terá um joelho hidráulico. Será feita com um material mais leve para que o cacique possa se locomover sem dificuldade. "Ele vai poder caçar com essa prótese e poderá entrar na água também. Nós estamos adaptando uma [prótese] com essa tecnologia", explica Nelson.

Agora, ele receberá treinamento para se adaptar com a prótese nos próximos dias.

A empresa de Sorocaba que fabricou a prótese atende mais de 100 crianças. 30% das próteses fabricadas são doadas para pessoas que não têm condições financeiras para pagar. As informações são do portal G1.

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