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Moradores do Amapá relatam falhas em rodízio de energia e prejuízos do apagão

Desde ontem, 8, o governo estabeleceu rodízio do fornecimento de energia com duração de seis horas. Por conta de falhas na rede elétrica, conforme a empresa distribuidora, algumas localidades ainda não têm luz

Moradora de Macapá, capital do Amapá, a maquiadora e fisioterapeuta Lívia Parente Vasconcelos, 42, voltou a ter energia elétrica em casa só no sábado, 7, após quatro dias sem o serviço. O governo estabeleceu um rodízio do fornecimento de luz com duração de seis horas para as 13 cidades atingidas pelo apagão da terça-feira, 3, mas há relatos de descumprimento do cronograma.

Quase 90% da população do Amapá, o equivalente a 765 mil pessoas, foi prejudicada pelo apagão devido a um incêndio ocorrido na principal subestação do estado. De acordo com o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, 65% da energia elétrica do Amapá foi restabelecida desde sábado, 7. Ele projetou o restabelecimento total do serviço até o fim da semana, mas sem detalhar o dia. Segundo a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) por conta de falhas na rede elétrica, algumas localidades ainda estão sem luz.

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Natural do Ceará, Lívia reside há pouco mais de quatro anos em Macapá. Onde mora com o marido, no bairro Cabralzinho, o rodízio não tem funcionado como deveria. "Meu bairro deveria receber energia de 6 horas à 12 horas e de 18 horas à meia noite. Não tem sido respeitado. Ontem ficamos mais de 12 horas sem energia. Há bairros com mais de 16 horas de intervalo", conta.

Lívia relata ainda que os últimos dias sem energia foram de prejuízos e dificuldades. Além do calor, ela ficou também sem comunicação porque a internet de dados móveis e o sinal de telefonia não funcionaram por cerca de quatro dias.

"Sem energia não há água também, seja de poço ou pela companhia de água. Por sorte choveu em dois dias de apagão e conseguimos armazenar água para tomar banho, lavar louça e usar nos banheiros”, completa em entrevista ao O POVO.

A maquiadora também lamenta os alimentos desperdiçados: “Perdemos comida na geladeira para uns 25 dias, entre carnes por fazer e comidas já prontas e congeladas. Muita coisa estragou. Doeu na alma jogar tanta coisa fora", afirma.

Sem água em meio à pandemia

Faltando energia, houve também interrupção no abastecimento de água e a saída de muitos moradores como Lívia foi comprar água mineral. O garrafão que antes custava entre R$ 6 e R$ 8 e passou a ser encontrado na faixa de preço entre R$ 25 e R$ 30.

Também residente em Macapá, no bairro do Laguinho, a fisioterapeuta e professora Elimara dos Santos Brito, 33, diz que chegou a comprar um garrafão de 20 litros por R$ 27. Só na sexta-feira, 6, o serviço de água retornou por volta de 1 hora da manhã, depois de ser interrompido no segundo dia de apagão.

“Meu maior medo foi a necessidade em sair para comprar mantimentos e enfrentar aglomeração e retornar para casa e proteger meus pais que são idosos [grupo de risco para a Covid-19]”, relata. Assim como outros moradores, ela também teve de jogar alimentos no lixo e não pretende abastecer de novo a geladeira por temer novas perdas.

Em seu bairro, a energia é ligada à meia-noite e desligada às 6 horas, retornando só às 12 horas. Depois, às 18 horas, é novamente desligada para voltar à meia-noite. E assim por diante. Elimara diz que no perímetro da sua residência o cronograma tem sido pontual.

A moradora ressalta ainda que a solidariedade tem ajudado muitas pessoas. Tomadas são oferecidas entre os vizinhos para carregar aparelhos eletrônicos, redes de Wi-Fi têm sido compartilhadas e doações de água potável estão sendo feitas.

“Não há muito o que esperar senão do bom coração do povo sofredor amapaense, de funcionários que estão arduamente batalhando no conserto do maquinário e lógico de Deus”, diz Elimara.

Serviços de comunicação interrompidos

Na casa da assessora de comunicação Dulcivânia Freitas, 49, moradora do bairro Universidade, a situação só não foi tão drástica nos dias sem energia elétrica porque ela possui duas caixas d’água e uma lâmpada de emergência. “Até vela faltou no mercado”, lembra.

Dulcivânia mora com o marido e o filho na capital do Amapá, mas boa parte da sua família reside na Paraíba. Com o celular descarregado em boa parte dos dias de apagão, ela só conseguiu dar notícias aos familiares no sábado, 7, quanto a energia voltou.

“Sei que tem muitas localidades sem energia ainda. A CEA [Companhia de Eletricidade do Amapá] anunciou a tabela de rodízio, só que esse rodízio não tá funcionando igualmente na tabela. Nós nos programamos e até agora não aconteceu nada do que tá previsto na tabela”, explica. No bairro onde Dulcivânia mora, a energia não foi interrompida desde que foi retomada.

Problemas na rede dificultam rodízio

A diretoria da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) esclareceu ao O POVO que o rodízio do fornecimento de energia iniciado ontem, 8, ainda completará 48 horas e existe um monitoramento diário, de modo que os horários estão sendo cumpridos em 80% da situações.

A companhia ressalta ainda que existem “ocorrências isoladas” que dificultam a efetividade do rodízio como problemas de rompimento de cabos, além de intervenções do próprios consumidores na rede elétrica (desvios popularmente conhecido como “gatos”).

A empresa reconhece que alguns pontos das 13 cidades afetadas pelo apagão ainda não têm energia por conta desses problemas, mas destaca que todos os municípios atingidos pelo apagão estão contemplados no rodízio.

A CEA também complementa que espera a recuperação dos transformadores afetados pelo incêndio do dia 3 de novembro para possibilitar a normalização do fornecimento de energia no Estado. As ações de recuperação são encabeçadas pelo Ministério de Minas e Energia.


com informações do portal G1

 

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