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Após cinco anos do rompimento, resíduos de rejeitos da barragem de Mariana são encontrados a 400 km do local da tragédia

O conjunto de minerais presentes apenas nos resíduos de mineração que eram armazenados na barragem foi identificado na pesquisa e com isso os cientistas conseguiram criar um marcador único para o rastreamento
14:00 | Nov. 05, 2020
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Tipo Notícia


Há cinco anos, em 5 de novembro de 2015, o Brasil parava com a notícia do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. A tragédia deixou marcas não só nas pessoas, que precisam lidar com a perda de 19 vítimas e a destruição de diversas casas, mas também no meio ambiente, que ainda sofre com as consequências. Um estudo realizado com o uso de luz síncrotron conseguiu identificar uma espécie de "impressão digital" dos rejeitos da barragem e rastreou os resíduos pelo Rio Doce. Foram encontrados materiais no seguimento do Rio até a chegada ao Oceano Atlântico, no litoral norte do Espírito Santo, distante cerca de 400 km do local da tragédia.

A barragem de Fundão pertencia à mineradora Samarco, que tem como acionistas as mineradoras Vale e BHP Billiton, grandes empresas mundiais do setor. O conjunto de minerais presentes apenas nos resíduos de mineração que eram armazenados na barragem foi identificado na pesquisa e os cientistas conseguiram criar um marcador único para o rastreamento chamado de IMS (Iron Mineralogical Set). O projeto, recém publicado em uma revista científica, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) com auxílio do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM). As informações são do G1 e do jornal O Globo.

Nas amostras colhidas no leito fluvial, além de ter aumentado em concentração, o ferro encontrado tinha características similares ao medido no rejeito da barragem. 

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Marcos Tadeu Orlando, físico nuclear da UFES explicou que, por meio dos recursos tecnológicos do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), foi possível formalizar entre os pesquisadores quais minerais estavam na barragem e agora estão no meio ambiente. A análise foi possível também porque os pesquisadores tinham outros registos e trabalhos da foz do Rio Doce, desde 2012. Podendo assim haver a comparação com as amostras coletadas depois de 2015.

As análises permitiram chegar à conclusão que, mesmo cinco anos depois do desastre, os sedimentos do rompimento ainda chegam à foz do Rio Doce e ao oceano. Parte deles se movimenta, por exemplo, durante chuvas que deslocam a lama contaminada. Além disso, o grupo de pesquisa afirma que os minérios estão se movimentando pelo mar ao Norte, em direção ao Parque Nacional de Abrolhos, na Bahia.

Em nota, a Renova, fundação criada depois da tragédia para gerir programas de reparação dos impactadas do rompimento da barragem de Fundão, afirma que entende a importância dos estudos, mas, por meio de pesquisas próprias, compreende que a qualidade da água ficou restrita a poucos quilômetros da embocadura do Rio. O levantamento foi feito junto à Fundação COPPETEC (UFRJ), sob a coordenação do professor e pesquisador Paulo Cesar Colonna Rosman, da Área de Engenharia Costeira e Oceanográfica da COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nele, segundo a fundação, foi mostrado que a extensão da pluma de rejeito no mar foi temporária, ocorrendo predominantemente para Sul da foz do Rio Doce.

A Renova ressaltou que a presença dos rejeitos teria sido significativa apenas até meados de março de 2016. Desde então, as concentrações de sedimentos registradas corresponderiam ao comportamento natural típico desse tipo de estuário. "O estudo também demonstra de forma consistente que a dispersão do rejeito ocorreu predominantemente para o sentido Sul da foz do Rio Doce, reforçando a evidência de que não houve condicionantes físicas suficientes para carrear quantidades significativas de rejeito persistentemente para o Norte, e muito menos até Abrolhos/BA, que fica cerca de 220 km para o Norte da foz", diz a nota.

Ao fim, a fundação Renova destacou também que vem monitorando sistematicamente a qualidade de água, os sedimentos e a biodiversidade, que têm apontado para a progressiva melhora das condições ambientais após o rompimento. Bem como aponta que outro estudos científicos evidenciariam que a presença de metais, como o ferro, alumínio e manganês já era registrada em níveis elevados historicamente na região, antes do rompimento.

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