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Ministro da Saúde foi avisado de que efeitos da Covid-19 durariam até 2 anos

Ao ser procurado, o Ministério afirma que o resultado da reunião do COE foi publicado na portaria em 19 de junho, em que estabelecia recomendações gerais sobre o controle da disseminação do vírus e pandemia
16:21 | Jul. 23, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

No fim de maio, em reunião de portas fechadas que aconteceu no Ministério da Saúde, técnicos do ministério informaram ao general Eduardo Pazuello, titular da pastaque, sem as medidas de isolamento social, os impactos da doença podem ser sentidas por até dois anos. A discussão está registrada em ata de reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE) do Ministério, que foi obtida pelo Jornal Estadão. Ainda de acordo com a equipe de Pazuello, “todas as pesquisas” levam a crer que o distanciamento é favorável até para uma retomada da economia mais rápida.

De acordo com a ata de reunião ocorrida em 25 de maio de 2020, no 3º andar do Ministério da Saúde, técnicos da pasta afirmam que sem a intervenção do distanciamento social, “esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população, que irá se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao que estamos vivendo, o que levaria a 1 ou 2 anos para controlar a situação”.

Na mesma reunião, foram lançadas duas ideias, que ajudariam a monitorar pacientes que estivessem com Covid-19, e cerca de 10 pessoas que tiveram contato com essa pessoa. Outra ideia foi criar um “protocolo que atenda necessidades específicas”. Nenhuma das duas ideias tiveram continuidade.

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O presidente Jair Bolsonaro já entrou em conflito com os dois últimos ministros da saúde, Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido em 16 de abril, e Nelson Teich, que pediu demissão em 15 de maio. O Ministério foi, então, passado à Pazuello, momentos em que a importância do distanciamento social parou de ser ressaltada pelo Ministério.

Paulo Lotufo, professor de epidemologia da USP, explica que o distanciamento social se demonstrou eficaz em diversos países, inclusive o Brasil, e que uma corrente de negacionismo em relação à pandemia foi criada no país.

O COE foi criado no país no início de fevereiro, com o objetivo de “planejar, organizar, coordenar, e controlar” a resposta à Covid-19 no Brasil, com a obrigação de encaminhar ao Ministério da Saúde relatórios técnicos sobre a pandemia, e ações que estão sendo tomadas. As reuniões são feitas entre secretários do Ministério da Saúde, representantes de Estados, municípios, e gestores de órgãos que lidam com a pandemia.

Ao ser procurado, o Ministério afirma que o resultado da reunião do COE foi publicado na portaria em 19 de junho, em que estabelecia recomendações gerais sobre o controle da disseminação do vírus e pandemia. Esse texto orientava a preparação para a retomada da economia. O Ministério não informou a relação dos participantes da reunião, nem pontos levantados na ata.

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