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Fundação tentou usar comunicação do Governo para divulgar palestras de bolsonaristas, diz jornal

Seminários eram realizados por blogueiros bolsonaristas investigados pelo Supremo Tribunal Federal. Entre eles, Bernardo Kuster e Allan dos Santos
09:53 | Jul. 02, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

A Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, tentou usar sistemas de comunicação internos do Governo Federal para divulgar palestras realizadas por blogueiros bolsonaristas investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com O Globo, a tentativa ocorreu às vésperas de uma operação da Polícia Federal ser deflagrada contra os mesmos blogueiros que a Funag tentava divulgar.

De acordo com documentos acessados pela reportagem do O Globo, o pedido foi feito por meio de ofício enviado pelo presidente da Funag, Roberto Goidanich ao secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Wagner Lenhart, em 21 de maio.

No ofício, Goidanich informa que a fundação iria realizar seminários e palestras virtuais com a presença de diversos blogueiros bolsonaristas, entre eles Bernardo Kuster e Allan dos Santos. Os dois são investigados em inquéritos no Supremo Tribunal Federal, que apuram disseminação de fake news, ataques a autoridades e organização de atos antidemocráticos.

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“No dia 19 de maio, foi realizado o terceiro seminário, que contou com a com as participações de […] Bernardo P. Küster, diretor de Opinião do Brasil Sem Medo […] O quarto seminário, a ser realizado no dia 26 de maio, às 19:00 horas, contará com a participação […] entre outros; (de) Allan dos Santos, empresário, jornalista e apresentador no Terça Livre TV”, diz um trecho do ofício enviado por Goidanich.

Mais adiante, o presidente da Funag questiona se a pasta não poderia divulgar os seminários, por meio do sistema de comunicação interna, de forma a alcançar milhões de servidores públicos federais em todo o Brasil, por e-mail e mensagens, inclusive via aplicativos de celular.

“Nesse sentido, muito agradeceria analisar se seria possível que essa Secretaria também divulgasse em seus meios eletrônicos de comunicação junto aos servidores federais os seminários virtuais e a biblioteca digital da FUNAG”, diz o ofício. O documento foi respondido em 27 de maio, às 21h22min.

Naquela manhã, agentes da Polícia Federal deflagraram uma operação em diversos estados do Brasil para colher documentos, telefones e computadores de investigados no inquérito das fake news, que tramita no STF. Allan dos Santos e Bernardo Pires Kuster estavam entre os alvos da operação.

Segundo O Globo, o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoas do Ministério da Economia argumentou que o pedido foi negado, porque os canais da pasta não divulgavam informações que não fossem “diretamente relacionadas à vida funcional dos servidores, com raras exceções de pedidos internos”.

Em nota enviada à reportagem, a Funag confirmou o contato feito com o Ministério da Economia para a divulgação das palestras e classificou a medida como “perfeitamente legítima e institucional”.

“A Secretaria respondeu que ainda estava definindo os critérios de uso das mensagens pelo Sigepe mobile, e-mail e outros canais de acesso aos servidores”, diz um trecho da nota”. O texto diz também destaca que nenhum dos palestrantes mencionados recebeu remuneração por suas participações em eventos organizados pela fundação.

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