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Mau uso do celular entre crianças pode causar atraso no desenvolvimento psicomotor

O uso precoce e prolongado pode causar uma série de prejuízos aos pequenos, como déficit de atenção e dificuldade de aprendizagem
14:17 | Dez. 26, 2019
Autor O POVO
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Tipo Notícia

Cada vez mais comum entre as crianças, o celular pode se tornar um vilão se utilizado de forma precoce e irregular. Pais e responsáveis têm, dessa forma, um papel importante na hora de orientar esse processo.

"Não adianta proibir o uso, o importante é saber em qual medida usar", garante Luzianne Feijó, vice-presidente do Crefito-6 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª região).

Já antes de aprenderem a ler, as crianças dedilham os celulares com destreza e, por muitas vezes, os aparelhos se tornam uma forma de acalmar os pequenos para que os pais consigam realizar suas atividades dentro de uma rotina agitada.

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Uma pesquisa realizada com mães entre 2011 e 2016 sobre o tempo de uso de telas entre seus filhos mostrou a importância do debate.

A pesquisa acompanhou cerca de 2,5 mil crianças de 2 anos de idade. As mães responderam um questionário. Conforme resultado, com a idade de 2 anos, as crianças passavam em média 17 horas em frente a telas por semana.

Isso aumentou para cerca de 25 horas aos 3 anos, mas caiu para cerca de 11 horas aos 5 anos, quando as crianças começaram na escola primária.

Os dados foram publicadas no periódico Jama Pediatrics e divulgados no início deste ano por site de notícias como a BBC News. Eles sugerem que há um aumento do tempo de uso de telas antes que qualquer atraso no desenvolvimento seja notado, em vez de um cenário em que crianças com problemas de desenvolvimento passam a usar telas por mais tempo.

No Canadá e nos Estados Unidos, especialistas dizem que as crianças não devem usar telas antes de completar 18 meses de idade.

"Atualmente, temos profissionais tratando crianças que estão com atraso na destreza manual, ou seja, que têm dificuldades para escrever, recortar, por conta do uso exagerado do celular", continua Luzianne Feijó.

Para prevenir ou tratar problemas como estes, o profissional de Terapia Ocupacional pode ajudar os pais a elaborar uma rotina saudável e adequada à idade e ao desenvolvimento da criança; a resgatar a relação pais e filhos no dia a dia relacionadas ao brincar, à escola e ao lazer; estabelecer o uso racional dos eletrônicos de forma a não prejudicar o desenvolvimento dos pequeninos.

Luzianne destaca que a exposição de eletrônicos aos bebês e crianças de até dois anos de idade é ainda mais grave, uma vez que o cérebro desses mais novos ainda está maturando. "Por isso, é importante atentar para dicas que o profissional de Terapia Ocupacional pode dar, mesmo preventivamente, aos pais, no cuidado com seus filhos, desde bebês", afirma.

Confira abaixo algumas dicas:

Do nascimento aos 3 primeiros meses

- Colocar o bebê deitado de bruços na cama e chamar a atenção dele com algo que ele goste;

- Bater palmas para animá-lo e fazê-lo levantar a cabeça;

- Segurar o bebê no braço e o embalar devagar.

Entre os 3 e os 9 meses

- Colocá-lo de barriga para baixo na cama e oferecer-lhe brinquedos de texturas diferentes, um de cada vez;

- Colocar móbile sobre o berço, que emita luzes e sons;

- Oferecer ao bebê torre de copos para encaixar ou enfileirar.

1 a 2 anos

- Oferecer principalmente brinquedos que possam ser puxados e empurrados, como carrinhos amarrados a um barbante;

- Permitir que ele folheie livros e revistas;

- Fazer teatrinho e contação de histórias;

- Presenteá-lo com balde e pá para brincar na areia.

Entre 2 e 4 anos

- Oferecer giz de cera, lápis colorido e canetinhas para desenhar em folhas brancas;

- Dar livros de atividades;

- Oferecer fantasias, máscaras, chapéus, pelúcias.

Entre 4 e 8 anos

- Brincadeiras ao ar livre, como saltar como um sapo, brincar de futebol ou carimba, andar de bicicleta.

- Decifrar quebra-cabeças;

- Brincar de adivinhar.

De 8 anos em diante

- Prática de esportes e atividades em grupo, como teatro, música, artes maciais.

- Oficinas abertas que estimulem a criatividade;

- Jogos e desafios mentais, como xadrez.

O que diz a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

Outro ponto importante a ser levado em conta é a exposição dessas crianças a aparelhos eletrônicos no ambiente escolar. Sobre isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) destaca que a família e a escola devem se unir para lidar com possíveis problemas. Não somente isso, os dois são pilares essenciais para o desenvolvimento saudável dos pequenos.

Segundo o manual "Uso saudável de telas, tecnologias e mídias nas creches, berçários e escolas", organizado pela SBP, a recomendação de exposição a mídias para crianças menores de 2 anos é tempo zero, pois as evidências das pesquisas mostram que as interações sociais com os cuidadores são muito mais eficazes e estimulantes para o desenvolvimento da linguagem, da inteligência, da interação social e das habilidades motoras.

Entre a idade de 2 anos completos e 5 anos a recomendação é de 1 hora por dia ao todo, ou seja, somando-se o período diário que a criança permanece na TV, celular, tablets e videogames.

Acima dessa idade é recomendável o tempo até 2 horas. O acesso deve ser monitorado e permitido apenas ao que é liberado para cada idade, respeitando-se a classificação indicativa, além de evitar conteúdos de violência, sexual, de comportamentos inadequados.

O órgão também listou algumas dicas para facilitar esse processo. Elas podem ser lidas abaixo:

- Monitorar rigorosamente o tempo de exposição à tela em casa e na escola, de forma que a soma não ultrapasse o limite recomendado;

- Programar os dispositivos para acesso apenas a conteúdos de alta qualidade com eficácia de aprendizagem demonstrada, discutido em equipe no planejamento pedagógico;

- Envolvimento ativo dos pais, cuidadores e professores, tanto na leitura digital quanto na leitura de livros, que melhoram a aprendizagem das crianças pela experiência;

- Orientação aos familiares sobre a relevância de regras domésticas claramente estabelecidas e cumpridas e os limites para as crianças;

- Incentivo de atividades físicas diárias e contato com a natureza;

- Promoção de aprendizagem com brincadeiras no ambiente das creches e escolas.

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