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Deslizamento de barreira deixa 5 mortos e feridos no Recife, na véspera do Natal

Caso aconteceu em Dois Unidos, na Zona Norte da capital. Entre os mortos estão duas crianças - uma menina de 9 anos e um bebê de 2 meses. Operação de resgate prossegue no local
10:27 | Dez. 24, 2019
Autor do Jornal do Commercio
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Tipo Notícia

Uma tragédia às vésperas do Natal deixou pelo menos cinco pessoas mortas, na madrugada desta terça-feira (24). Uma barreira deslizou, provavelmente após o vazamento de um cano de água, por volta das 2h30min, na Rua Bela Vista, no Córrego do Morcego, em Dois Unidos, Zona Norte do Recife. Duas casas foram atingidas. Entre as cinco pessoas que morreram na hora estão duas crianças - um bebê de 2 meses e uma menina de 9 anos, todas da mesma família. Outras duas pessoas permanecem desaparecidas em meio aos escombros e à lama. Três pessoas foram retiradas por populares e levadas para hospitais da região, e passam bem. O trabalho de resgate e avaliação da área prossegue no local.

Segundo as primeiras informações, dadas por moradores da região, o deslizamento de barreira aconteceu após um cano começar a vazar água. Erivaldo Barbosa, motorista de aplicativo, é parente das vítimas do acidente. Conforme seu relato, o problema com os canos não é de hoje. Ele conta que, em julho de 2000, a terra cedeu "do mesmo jeito" e atingiu duas casas, que estavam desocupadas no momento. Segundo ele, não deu para perceber a água pingando. "Aconteceu de repente. Quando eu sai de casa, estava jorrando água", contou.

De acordo com o engenheiro civil da Compesa, Aprigio Trajano, não havia vazamento pendente na área, e a empresa fará uma vistoria na região para saber se o deslizamento de terra foi causado pelo rompimento da tubulação, ou pelo deslizamento da barreira. "Há registros antigos de reclamação, que já foram sanados. Ontem e hoje não houve nenhum registro de vazamento", garantiu.

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Os moradores contam que, nessa segunda-feira, chegou água no morro, que é distribuída através de um sistema de rodízio. No entanto, o engenheiro garante que o abastecimento acontece sempre, "então o rompimento não foi causado pelo rodízio". Conforme o técnico, no momento do deslizamento, inclusive, o abastecimento estava sendo realizado.

O Corpo de Bombeiros foi acionado as 2h55min e enviou seis viaturas para o local, sendo duas de busca e salvamento, uma de busca com cachorros, uma de comando operacional e duas de resgate.

Também foram vítimas da tragédia Lucimar Alves, de 50 anos, e sua neta, Daffyne Kauane Alves, de nove anos.

Ficaram feridos o casal Cristina Gomes da Silva, de 43 anos, e Luiz Tadeu, de 56 anos. Eles foram levados até o Hospital da Restauração e para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Nova Descoberta, respectivamente, e passam bem.

Otoniel Simião da Silva, de 57 anos, marido de Lucimar Alves e primo de Emanuel, também foi levado para a UPA de Nova Descoberta, e não há divulgação sobre seu estado de saúde.

Relato

Luiz Tadeu Costa, de 56 anos, uma das vítimas do soterramento, estava dormindo com sua esposa, Cristina Gomes da Silva, de 43 anos, na hora em que o incidente aconteceu. “Naquele sono profundo, senti aquilo [destroços e lama] me empurrar e já vieram as telhas [da casa] por cima de mim. Me encolhi e coloquei as pernas por cima da minha esposa, para protegê-la da pancada. Por isso estou com escoriações, cortei o pé. Consegui proteger a cabeça dela, mas parece que ela ainda machucou os pés", relatou.

O encarregado de manutenção ficou debaixo de uma parede que caiu. "Eu gritei e vi o pessoal se aproximando e falando ‘tem gente aqui’, aí eu disse ‘sou eu’. Tiraram logo ela [sua esposa], que estava embaixo, e levantaram a parede para eu sair.

Luiz Tadeu Costa foi levado para a UPA de Nova Descoberta e Cristina Gomes para o Hospital da Restauração. Ambos passam bem.

Córrego do Boleiro

Se ficar confirmado que o deslizamento ocorreu após o vazamento de um cano, não é algo novo no Recife. Doze pessoas morreram no Córrego do Boleiro, também na Zona Norte da capital, na madrugada do dia 29 de abril de 1996. Primeiro uma barreira deslizou e, em seguida, houve o rompimento do cano da Compesa, arrastando o que via pela frente. Dez casas acabaram completamente destruídas.

Há exatos cinco meses, em 24 de julho, uma outra tragédia ocorreu no Grande Recife. No bairro de Caetés I, na cidade de Abreu e Lima, cinco pessoas, sendo quatro de uma mesma família, entre elas uma grávida, morreram. Devido a fortes chuvas naquele dia, uma barreira deslizou por cima da casa onde morava um casal e três filhos. Apenas a mulher, Hariana Xavier, sobreviveu. Um vizinho também morreu.

Do Jornal do Commercio para a Rede Nordeste

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