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Comunidade se une para limpar praias de Morro de São Paulo, na Bahia, atingidas por óleo

O mutirão foi fundamental para que um dos principais destinos turísticos da Bahia tivessem suas principais praias liberadas para banho
09:52 | Out. 23, 2019
Autor O POVO
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Tipo Notícia

Dos carregadores de malas que ajudam os turistas a subir o íngreme aclive no desembarque até os donos de restaurantes e pousadas: todos meteram a mão no óleo. Com o verão batendo à porta, a chegada, nesta terça-feira,22, em Morro de São Paulo, na Bahia, do petróleo in natura que já atinge mais de 200 áreas dos 2.500 km da costa do Nordeste fez a comunidade local se unir para remover as manchas pretas no mar.

Além das principais praias de Morro, as praias de Garapuá, Tassimirim e Cueira, as duas últimas na Ilha de Boipeba, também foram atingidas.

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O mutirão foi fundamental para que, antes do final da tarde, um dos principais destinos turísticos da Bahia tivesse suas principais praias liberadas para banho. Barqueiros, comerciantes, funcionários públicos, ambulantes, empresários, além de prepostos da Marinha e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), trabalharam juntos para retirar cerca de 1,5 tonelada do material. “Foi bonito de ver todo mundo trabalhando junto. Desde 7h da manhã estamos nessa função. Estamos cansados, sujos, mas felizes”, disse João Correio dos Santos, 56 anos, que faz transporte marítimo entre Valença, Morro, Boipeba e Garapuá.

No final do dia, apenas a quinta praia de Morro, conhecida como Praia do Encanto, tinha óleo para ser removido. Neste ponto, próximo à foz do rio Panã, há uma área de manguezais. Os relatos da comunidade dão conta de que o óleo grudou no mangue e ainda precisa ser retirado. “A parte turística, que tem mais visibilidade, o óleo não chegou com tanta intensidade. Conseguimos limpar rapidamente. Mas, na área do mangue ele chegou mais denso, tá dando mais trabalho”, falou Íngrid Batista, 37 anos, empresária do ramo de hotelaria, com a roupa tão suja quanto o barqueiro João. “Estamos juntos nessa luta contra o óleo”, completou.

Interdição

Todas as praias atingidas pertencem ao município de Cairu (a cerca de 170 quilômetros de Salvador). Era madrugada, por volta de 2h30min de terça, quando os primeiros sinais de óleo foram avistados. A segunda e terceira praias chegaram a ser interditadas pela prefeitura. Nesse momento, as pousadas chegaram a receber ligações com turistas cancelando reservas. “Muita gente ligando buscando informações, mas teve hospede que cancelou, sim. Imagine a nossa preocupação”, contou o empresário Antônio Carlos Berti, sócio de quatro pousadas em Morro.

Apesar das ameaças de cancelamento de reservas, quem também não parava de chegar no paraíso eram os os turistas. Quem desembarcava e pisava os pés na Ilha de Tinharé já estava sabendo do problema e se mostrava preocupado. Na fila para embarcar no catamarã que, em duas horas, leva visitantes de Salvador para Morro de São Paulo, já havia turistas alardeados com a possibilidade de não poder se banhar durante os dias de folga.

A comerciante paulista Lane Draback, que estava acompanhada com quatro amigas, buscava informações sobre a interdição de duas das praias do balneário. "Imagine você chegar em um lugar como Morro de São Paulo, esperar o ano todo por essas férias, e quando chega aqui não pode entrar na água e não pode fazer um passeio sequer. É triste, viu", lamentou Lane.

Com a limpeza das praias, a coisa começou a normalizar no início da tarde. A interdição da segunda e terceira praias ocorreu no início da manhã e foi suspensa entre 12h30min e 13 horas. O Passeio Volta à Ilha, também proibido por algumas horas, voltou a funcionar normalmente. Apesar das liberações, o município-arquipélago aguarda a avaliação dos órgãos estaduais responsáveis para repassar a recomendação de banho de mar no local.

As Secretarias Municipais de Desenvolvimento Sustentável e Especial do Morro afirmaram ter esperado de prontidão os primeiros sinais da chegada do material.

Todo o óleo removido foi armazenado em uma área cedida pela Fazenda Caieira, próxima à terceira praia de Morro. Mais material deve ser retirado nesta quarta-feira (23). “Estamos colocando o óleo em uma grande caixa d’água. Já tem 1,5 tonelada esperado a Petrobrás vir buscar, mas tem mais material para retirar da Quinta Praia. Temos que torcer também para não chegar mais óleo durante a noite”, avaliou Antônio Berti. “Fiz a minha parte hoje e se precisar vou fazer amanhã. A gente precisa do turista, a gente vive disso”, avisou o condutor de bagagem Aloísio Ferreira, 44 anos, mostrando os chinelos ainda sujos de óleo.

Do Correio para a Rede Nordeste

 

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