Participamos do

Relatório aponta mineração como causa de rachaduras em Maceió

18:23 | Mai. 08, 2019
Autor Agência Brasil
Foto do autor
Agência Brasil Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do Ministério de Minas e Energia, divulgado hoje (8), apontou a mineração como a principal causa para o surgimento das rachaduras em imóveis e ruas nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió (AL). O impacto na região é causado pela extração de sal-gema - utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC - por parte da Braskem.

O problema começou no ano passado, quando diversos imóveis da região vem apresentando rachaduras, além de afundamentos em moradias e vias públicas. Esses fenômenos se intensificaram após as fortes chuvas de verão, ocorridas em 15 de fevereiro de 2018, e o abalo sísmico no dia 3 de março do mesmo ano. Diversas moradias foram interditadas.

De acordo com o CPRM, o relatório é conclusivo, e mostra que a mineração realizada de forma inadequada está gerando a desestabilização das cavidades do terreno, provocando a movimentação do sal. Essa movimentação leva ao afundamento do terreno e também é a causa das trincas no solo e nas edificações.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Elaborado durante um ano por uma equipe que envolveu mais de 50 profissionais, o documento diz ainda que os danos na superfície são agravados pelo aumento da infiltração da água de chuva em fraturas/falhas preexistentes, bem como por novas fraturas.

"Este processo erosivo é acelerado pela existência de pequenas bacias endorreicas, falta de uma rede de drenagem pluvial efetiva e de saneamento básico adequado", diz o relatório.

O estudo não traz o número de pessoas impactadas pelas rachaduras. Mas, de acordo com o CPRM, houve um aumento da área de risco, antes restrita apenas no bairro do Pinheiro. Um novo mapa incluindo também o Mutange e Bebedouro deve ser divulgado.

Antes de chegar à conclusão de que a atividade da Braskem na região foi responsável pelo problema, o CPRM descartou as hipóteses de que os afundamentos e rachaduras tivessem sido causado por atividade sismológica, ocupação irregular do terreno ou extração irregular de água subterrânea na região.

O relatório recomendou a adoção de medidas de prevenção para tentar estabilizar os processos erosivos. Entre elas, ações de saneamento básico como instalação de rede drenagem eficiente nos bairros e demais obras estruturantes.

Braskem

Em nota, a Braskem disse que analisará os resultados apresentados e que desde o início do agravamento das rachaduras e fissuras vem colaborando com as autoridades na identificação das causas e informando com transparência e responsabilidade os estudos realizados por empresas de renome internacional.

"A Braskem tem compromisso com a segurança das pessoas, tanto de seus integrantes quanto das comunidades em que atua, e analisará juntamente com as autoridades a melhor orientação sobre suas operações locais. A empresa possui laços com Alagoas há mais de quatro décadas e mantém seu compromisso inegociável com a sociedade alagoana", disse a Braskem.

A empresa disse também que continuará com as ações emergenciais que já executa no bairro, "o que inclui a inspeção dos sistemas subterrâneos de drenagem, a instalação de estação meteorológica e de equipamentos de GPS de alta precisão para detecção da movimentação do solo, entre outras medidas, a fim de evitar o agravamento dos problemas no bairro frente ao ciclo chuvoso e com vistas a proteger a segurança das pessoas".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags