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Artistas protagonizaram o vídeo compartilhado por Bolsonaro; performance sexual foi planejada

Dois dias antes, uma apresentação semelhante havia ocorrido em Lisboa, Portugal, mas sem a participação da artista
23:35 | Mar. 07, 2019
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A performance explícita de "golden shower" durante bloco de Carnaval paulista não foi espontânea nem resultados excessos de Carnaval. É o que diz a artista, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, compartilhar o vídeo no Twitter. A publicação foi feita na noite da terça-feira de Carnaval, 5. Os nomes dos artistas não são divulgados pois eles temem represálias de apoiadores de Bolsonaro.

O presidente é seguido por 3,45 milhões de contas. Para justificar a publicação, ele afirmou: "temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro".

A hashtag #ImpeachmentBolsonaro foi o assunto mais comentado da manhã dessa Quarta-Feira de Cinzas, 6, em todo o mundo.

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O vídeo mostra um homem (outro artista) urinando na cabeça da atriz - prática sexual conhecida como "golden shower". Nessa quarta, o presidente perguntou o que era o ato. O Twitter não comenta sobre contas específicas, mas apresentou a publicação como "sensível".

Ao contrário do que foi divulgado, a cena era uma performance da artista e ativista que se dedica a discutir “sexualidades não normativas”, de acordo com a revista Época. O vídeo, gravado durante um bloco chamado BloCU, em São Paulo, mostra momento em que ela dança, penetra-se com os dedos e, em certo momento, abaixa a cabeça para que um outro rapaz (também artista) urine sobre ela.

Dois dias antes, uma apresentação semelhante havia ocorrido em Lisboa, Portugal, mas sem a participação dela. De acordo com um amigo, a performer estava apreensiva na manhã da quarta-feira devido à repercussão do tuíte de Bolsonaro. Evitava se expor, mas estava mantendo contato com amigos e amigas.

Após a divulgação do vídeo, ela fechou seus perfis nas redes sociais. Em seu perfil no Facebook, a artista publicava imagens relacionadas à performance e sexualidade — e um vídeo com a música “O amor e o poder”, de Rosana, além de compartilhar posts e notícias sobre os direitos e dificuldades da população transgênero. Procurados pela reportagem da Época, amigos e colegas dela não quiseram falar, com receio de perseguição.

Horas depois de postar o vídeo, o presidente negou a “intenção de criticar o Carnaval de forma genérica, mas sim caracterizar uma distorção clara do espírito momesco”.

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