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Jornalista Ricardo Boechat morre em acidente de helicóptero em São Paulo

20:45 | Fev. 11, 2019
Autor Agência Estado
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Tipo Notícia

O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, morreu em um acidente de helicóptero no Rodoanel, no início da tarde de ontem. A queda da aeronave, em cima de um caminhão, foi perto do acesso à Rodovia Anhanguera, na chegada a São Paulo. O piloto, Renato Quatrucci, também morreu na hora e o motorista do caminhão ficou ferido. O helicóptero tinha situação regular, mas a empresa que fazia a viagem não tinha aval para o transporte remunerado de passageiros. O caso será investigado.

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Um dos jornalistas mais respeitados do País, Boechat era apresentador do Jornal da Band e da Rádio BandNews FM, além de colunista da revista IstoÉ. Ele voltava de Campinas (SP), onde foi dar palestra para uma plateia de 2,7 mil pessoas, em evento da farmacêutica Libbs.

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Segundo o capitão Augusto Paiva, da Polícia Militar, testemunhas relataram que o piloto tentou pouso de emergência em uma alça de acesso, mas acabou atingindo o caminhão.

O motorista João Francisco Tomanckeves, de 52 anos, disse à polícia que saía da praça do pedágio, na faixa da cobrança expressa, quando viu a aeronave. Mas não teve tempo para frear ou desviar. "Não vi nada. Passei e aquilo caiu como uma pedra, do nada", disse. Tomanckeves teve ferimentos leves e prestou depoimento ontem à Polícia Civil. Ele só soube que a batida era contra um helicóptero após ser informado por pessoas o ajudaram a sair do veículo.

A vendedora Leiliane da Silva, de 28 anos, andava de moto com o marido quando testemunhou o acidente. Primeiro, contou ela, Leiliane ajudou o motorista do caminhão a se desvencilhar do cinto de segurança. "A porta não abria porque estava travada, não tinha nem maçaneta para abrir ." Depois, o primeiro impulso foi ajudar um dos ocupantes do helicóptero, mas acabou impedida por um funcionário da concessionária, que alertou sobre o risco de incêndio. "No que eu dei dois passo para trás, explodiu de novo."

O helicóptero - Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG - foi fabricado em 1975 e tinha capacidade para cinco pessoas. Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a declaração anual de inspeção era válida até maio e o certificado de aeronavegabilidade valia até maio de 2023. A aeronave pertencia à empresa RQ Serviços Aéreos Especializados, cuja sede é na capital paulista. A empresa - especializada em filmagens e fotografias - já havia sido multada em 2018 pela Anac por oferta irregular de voos panorâmicos.

A agência abriu processo para apurar que tipo de transporte era feito no momento do acidente. O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu contato com representantes da RQ até as 20h30. Quatrucci, piloto que morreu no acidente, era sócio-proprietário da empresa.

Já a Zum Brazil, agência responsável por realizar o evento da Libbs, disse sempre fazer "seleção criteriosa" dos prestadores de serviço e ressaltou o fato de a aeronave ter situação regular. Procurada, a farmacêutica não se manifestou até 20 horas.

Na rádio

Em seu último comentário na BandNews FM, no início da manhã, Boechat tratou da sucessão de desastres no País, como o da barragem em Brumadinho e a morte de dez atletas em um centro de treinamento do Flamengo. "A impunidade é o que rege, o que comanda a orquestra das tragédias nacionais", disse.

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