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Documento da CIA sugere que Geisel sabia e autorizou mortes durante a ditadura militar

O memorando reconta a história e coloca generais considerados "brandos" no centro de decisões que provocaram a morte de brasileiros
17:16 | Mai. 10, 2018
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Tipo Notícia
O ex-presidente Ernesto Geisel sabia e autorizou a morte de presos políticos brasileiros durante o período que governou o País, nos anos de ditadura militar. A informação é revelada em documento do ex-diretor da CIA, William Egan Colby, enviada ao Secretário de Estado, Henry Kissinger, com o título: “Presidente brasileiro Ernesto Geisel decide continuar execução sumária de subversivos sob certas circunstâncias”.

Apontado como o general que iniciou a abertura política brasileira, limitando a ação dos censores e extinguindo o Ato Institucional número 5, o memorando localizado pelo pesquisador de Relações Internacionais da Fundação, Getúlio Vargas Matias Spektor, reescreve a história do Brasil. 
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Conforme o documento, em 30 de março de 1974, o general Milton Tavares de Souza, chefe de saída do Centro de Inteligência do Exército (CIE), informou ao então presidente e ao general João Baptista Figueiredo, à época chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) — futuro sucessor de Geisel na Presidência e último militar a assumir tal posição —, sobre o assassinato de 104 pessoas durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, no ano anterior. Souza perguntou se a política deveria ser mantida
 
Decisão do presidente
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Geisel não tomou a decisão de imediato. Em 1º de abril do mesmo ano, novo documento informava à CIA sobre a decisão do presidente: “a política deveria continuar”. Contudo, o penúltimo presidente militar estabeleceu que apenas os presos “subversivos perigosos” deveria ser mortos. Apoiando as execuções desde a primeira reunião, Figueiredo foi designado para decidir quem iria morrer, segundo o relato do ex-diretor da Agência americana. 

“Quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada. O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo”, revela o documento.
 

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