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Alunos de escola municipal de São Paulo são marcados na mão para não repetirem merenda

A avó de um estudante afirmou que na semana passada que o jovem chegou em casa com uma bolinha pintada na mão explicando que, com ela, não poderia repetir a refeição
11:50 | Ago. 20, 2017
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Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) João Amós Comenius, zona norte de São Paulo, desde o começo deste mês, foi implementada uma novidade em relação às merendas industrializadas. Os alunos estão recebendo uma marca na mão - uma bola ou um risco -, feita por caneta, que serve como forma de controle para saber quem já merendou. As informações são da Folha de S. Paulo.

A avó de um estudante afirmou que, na semana passada, o neto chegou em casa com uma bolinha pintada na mão explicando que, com ela, não poderia repetir a refeição. Ela afirma que ele não costuma comer na escola, mas como era um lanche que o garoto gostava, quis repetir e foi impedido.

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Outro relato similar vem da estudante Brenda Soares, que disse que o irmão de 10 anos também já chegou em casa com a marca na mão. Brenda diz que a novidade é negativa, visto que muitas crianças fazem a principal refeição na escola.

No mês de julho, a prefeitura afirmou que iria mudar o cardápio das escolas. A gestão Doria (PSDB) afirmou que o consumo dos alimentos deveria ser moderado, pois não eram saudáveis. Conforme a Secretaria Municipal da Educação, os alunos podem repetir a refeição quando são servidos grãos, frutas e verduras e não alimentos industrializados.

Especialistas em educação, no entanto, detectam falhas na argumentação da secretaria. Para a mestre em psicologia educacional, Flávia Vivaldi, a justificativa não combina com o ambiente educacional. Ela entende que, se o alimento industrializado não é saudável, ele deve ser trocado. Indagação parecida faz a pedagoga Luciene Tognetta, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), questionando o porquê do alimento industrializado na escola, já que não é saudável.

Além da questão da qualidade dos alimentos, Luciene diz que o método atual faz o aluno passar por uma situação de humilhação.

O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, afirmou que a ação da escola é "inadimissível". Ele disse que condenada a marcação da mão das crianças e que a escola já foi notificada e repreendida. Ele também informou a abertura de um procedimento, oportunidade para a diretora se defender, mas que pode resultar em sua punição. 

 

Redação O POVO Online

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