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Estudo aponta que doença da urina preta foi causada por intoxicação a peixe

A pesquisa teve como base o resultado das amostras de fezes, urina e sangue de 15 pacientes analisados
20:21 | Mar. 13, 2017
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Um estudo feito pelos mesmos pesquisadores que identificaram o zika vírus apontou que a doença da urina preta, que registrou mais de 50 casos na Bahia entre dezembro e janeiro deste ano, concluiu, por exclusão, que os casos ocorreram por intoxicação após a ingestão de peixe, provocando a doença de Haff. O Ceará registrou em fevereiro último 10 casos suspeitos da doença.

Segundo o Ministério da Saúde, a doença de Haff é caracterizada por um início abrupto de dor muscular intensa associada a níveis elevados da enzima creatina fosfoquinase (CPK). Esses sintomas aparecem menos de 24 horas após a ingestão de peixe – além da dor, a urina fica preta e há insuficiência renal.

A pesquisa teve como base o resultado das amostras de fezes, urina e sangue de 15 pacientes analisados. Destes, 14 pessoas que relataram os sintomas informaram que consumiram peixe – a maioria olho de boi (Seriola spp) e badejo (Mycteroperca spp).

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A 15ª pessoa afirmou que comeu comida baiana, o que possivelmente poderia incluir essas espécies. Com isso, de acordo com Antonio Carlos Bandeira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), um dos autores do artigo, a possibilidade de um novo vírus ou bactéria relacionada com a doença fica praticamente descartada na região.

Nas amostras, no entanto, não foi possível determinar a substância que causou a intoxicação. Um pedaço de peixe que foi ingerido por uma paciente foi encaminhado ao Ministério da Saúde, que por sua vez enviou o material para um laboratório dos Estados Unidos. O resultado ainda não foi divulgado.

O estudo

Junto com Bandeira, outros 11 pesquisadores assinam o artigo que foi encaminhado às revistas internacionais. No mesmo estudo também estão incluídos os resultados do pesquisador Gúbio Soares, também da UFBA, que a princípio teve forte suspeita para um vírus.

Os primeiros casos de doença de Haff foram descritos pela primeira vez em 1924, na Rússia e na Suécia, e envolveram o consumo de diferentes peixes de água doce. No Brasil, um surto de 27 casos de doença de Haff ocorreu em 2008, durante 4 meses no estado norte do Amazonas. Os peixes de água doce pacu-manteiga (Mylossoma duriventre), tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (Piaractus brachypomus) foram os causadores.

Até o momento, o Ministério da Saúde não divulgou outros resultados de pesquisas referentes aos casos encontrados na Bahia.

Redação O POVO Online

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