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Rebelião em presídio do Amazonas deixa dezenas de mortos

Total de mortos não foi confirmado pela secretaria da segurança do Estado, mas estimativas apontam pelo menos 80 vítimas. Conflito foi determinado por uma facção criminosa conhecida como Família do Norte, aponta secretário da segurança
09:00 | Jan. 02, 2017
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Tipo Notícia
Atualizado as 18h34min 
Uma briga entre facções criminosas iniciada nesse domingo, 1º, seria a responsável por desencadear o maior massacre da história do sistema prisional do Amazonas. O conflito no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) terminou na manhã desta segunda-feira, 2, com um balanço parcial de 60 vítimas, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.
[SAIBAMAIS]
 
Pelo menos 12 agentes penitenciários eram mantidos reféns e dezenas de presos conseguiram fugir, informava, ainda na noite de domingo, a SSP. Na manhã desta segunda-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Amazonas anunciou que todos os reféns foram liberados. Nenhum dos agentes penitenciários mantidos em cárcere está ferido, de acordo com o juiz Luís Carlos Valois, do Tribunal de Justiça de Amazonas. O magistrado, que participou das negociações com os detentos, contou que os presos romperam a divisa que separava os espaços destinados a presos dos regimes fechado e o semiaberto.
 
Em publicação feita em seu perfil na rede social Facebook, Luís Carlos Valois afirmou que, para por fim à rebelião, os presos pediam que fosse garantida a integridade física deles, assim como o direito a visitas, e que não fossem punidos com transferências. O acordo foi referendado por "autoridades" em um documento, conta. "Vi muitos corpos, parecendo que morreram entre 50 a 60 presos (pessoas), mas difícil afirmar, pois muitos estavam esquartejados", afirma.
 
Em entrevista coletiva, o titular da SSP, Sérgio Fontes, afirmou tratar-se de uma tentativa de uma facção criminosa local conhecida como Família do Norte (FDN) de exterminar integrantes de uma outra quadrilha, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O secretário acredita que armas de fogo estejam em posse de detentos. Conforme a SSP, as mortes ocorreram em um confronto de extrema violência que durou cerca de 15 horas.

Corpos de seis detentos decapitados foram jogados para fora da unidade, confirma a SSP. Nas redes sociais, fotos de presos mortos estão sendo compartilhadas. As imagens mostram presos decapitados. Outros corpos carbonizados aparecem amontoados em um carrinho de supermercados. Em algumas das imagens era possível contabilizar dezenas de corpos. Pela violência das imagens, O POVO Online opta por não divulgá-las.

Também no domingo, presos fugiram do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), localizado no mesmo complexo. A SSP confirma terem sido recapturados 15 presos. As buscas por demais fugitivos continuam. O POVO Online buscou contato com a SSP-AM na manhã desta segunda-feira, mas as ligações não foram atendidas.
 
O secretário Sérgio Fontes ressaltou que o Estado já solicitou apoio do Governo Federal para novas ações de combate ao narcotráfico e reforço na segurança das unidades prisionais. “Não se trata de um problema apenas do Sistema Penitenciário e nem é um caso isolado no País, mas sim muito maior, já que a disputa dentro dos presídios é uma extensão da guerra que acontece também fora”, disse.
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Em outubro último, mais de 20 detentos foram assassinados em penitenciárias de Rondônia e Roraima, também no Norte do País. A ordem para a chacina teria sido lançada pelo PCC, contra membros da facção conhecida como Comando Vermelho (CV). A matança desencadeou conflitos em presídios de todo o País. No Ceará, conflitos foram registrados na Penitenciária Francisco Hélio Viana, em Pacatuba, Grande Fortaleza.

Redação O POVO Online

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